quinta-feira, julho 31, 2008

Faculdade de letras

Desde o fim de semana que não ando a dormir bem, ora é o calor - lembram-se de ter falado do verão esquizofrénico? Bem, depois de duas semanas de chuva ou ameaça de chuvca, a Bélgica está envolta de um calor estúpido (hoje estão 33 graus) e de uma humidade rara (às 22h estava com a roupa colada ao corpo) - ora é um vizinho que gosta de música turca e de Celine Dion e a falta de sono começa a afectar-me.

Ontem de manhã o despertador tocou às 7h30, liguei o telemóvel e suspirei; acordei às 8h deitada na diagonal com o telemóvel na mão e (ainda a dormir ) corri para o trabalho. Com a pressa esqueci-me do cartão de acesso, dirigi-me à recepção para pedir um temporário e reparei que também não tinha o BI, pedi desculpas e procurei algo com uma foto e achei o meu cartão da FLUL. Sim, eu ainda tenho o cartão da faculdade e o da biblioteca nacional apesar de não viver em Portugal há quase três anos. Expliquei que era o cartão da faculdade mas que tinha uma foto, o segurança disse que não havia problema. Acrescentei que o meu nome tinha uma letra mal na base de dados. Também não havia problema, assegurou-me. Vi-o a escrever quatro ou cinco vezes e nada. Voltei a dizer o meu nome e nada. Vi-o a soletrar algo que não se assemelhava ao meu nome. Então reparei no que estava escrito na parte de trás do meu cartão, ao lado da minha foto inocente do primeiro dia de aulas do primeiro ano (17 aninhos, snif). Dizia em letras maiúsculas:

FACULDADE DE LETRAS. Ano lectivo 2004/2005.

Ao menos percebi por que razão o segurança não conseguia encontar o meu nome no sistema.

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quarta-feira, julho 30, 2008

Quarta-feira em Bruxelas III

Toone, Rue Marché-aux-Herbes 66, 1000 Bruxelles. Depois deste beco -quase túnel- entramos num dos bares mais antigos e interessantes de Bruxelas antiga, uma das principais atracções prende-se com o facto de o bar ser também um teatro de marionetas que existe desde 1830. Caso não tenham tempo de ver uma actuação, normalmente em bruxellois mas disponível em cinco línguas diferentes, podem beber uma cerveja artisanal e ver marionetas, um hospital de marionetas, o espaço do teatro...Recomendo atenção quando procurarem a entrada, é tão pequena que arriscam-se a subie e descer a rua duas vezes. Orçamento: Assistir a peça de teatro: 10e, se bem me lembro a cerveja mais barata era 2.5e. Não aceitam cartões.

Botanique. Rue Royale 236, 1210 Bruxelles. Bem no centro de Bruxelas fica o antigo Jardim Botânico e centro cultural (há concertos, teatro, exposições e muito mais por pechinchas), entre uma das ruas mais complicadas e vários arranha-céus espelhados há um jardim com estátuas e bancos aberto a todo o público. O sinal para fechar é muito giro: um velhote passeia-se pelo parque com um sino. Orçamento: visitar o jardim é gratuito, os concertos rondam os 15e e os 30e, as exposições depende do artista.

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segunda-feira, julho 28, 2008

A série quatro só chega no fim do ano, snif

Primeiro viciam a malta, depois fazem-nos esperar...

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sábado, julho 26, 2008

O verão fotogénico

Prestes a completar o meu segundo ano neste país excitadamente monárquico e democraticamente confuso posso afirmar que estou integrada. No entanto, como qualquer português que se preze, terei sempre problemas com o tempo. Verdade seja dita, a culpa não é inteiramente dos belgas, segundo testemunhas sóbrias o aquecimento global não tem sido muito simpático: em vez de permitir aos belgas usarem roupas de verão em temperaturas dignas desse nome (a ver se deixam de usar manga curta quando está frio) decidiu multiplicar a quantidade de chuva, agora os verões são muito estranhos, ora vejamos, há três anos quando passei por cá no regresso da Letónia o calor apanhou-me de surpresa; no ano passado em Abril até com saias e mangas curtas era difícil andar na rua, foi fantástico; de Junho a Setembro ou chovia ou ameaçava chover. Bonito. Este ano Abril foi mês de chuva, Maio mês de calor e Junho entre os dois e Julho ainda não se decidiu mas na mesma semana passei por 29 graus e por uma corrida até casa para fugir à tempestade e demorei 20m a convencer a gata que não era eu quem estava a causar os trovões. Segunda-feira passada (21 de Julho) foi, segundo li, o 21 de Julho mais frio desde o século XX. Quinta-feira tivemos 27 graus, ontem ameaçou chover. Às vezes não vejo as previsões do tempo e ando a rapar frio o dia todo ou carrego um casaco na mão e suo estopinhas no eléctrico. Para os amantes de fotografia a Bélgica é ideal, fiquem uma semana e experimentem todos os filtros, no mesmo dia poderão ter um portofólio invejável e, se tiverem sorte, uma constipação.

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sexta-feira, julho 25, 2008

Eu quero o emprego deste homem!

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quinta-feira, julho 24, 2008

Romance

Daqui: It was a short engagement

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quarta-feira, julho 23, 2008

Quarta-feira em Bruxelas II

Sushi World. Rue des cultes, 5 1000 Bruxelas. Não se assustem com a quantidade de rosa no restaurante, vale mesmo a pena. Para além dos sushi fantásticos têm makis deliciosos e eu das últimas cinco vezes não consegui pedir algo novo de tal forma que adoro as especialidades com pêra-abacate e o maki nutella. Ultimamente a clientela triplicou por isso se forem na hora de almoço telefonem a encomendar senão arriscam-se a esperar e muito. Orçamento médio com bebida e sobremesa: 15e/20e por pessoa.

Terramar. Chaussée de Waterloo, 498B 1050 Bruxelas. Há um ano que é o meu mata-saudades exclusivo e recomendo a todos os meus amigos estrangeiros, aliás eu já devia ter recebido uma refeição de borla tendo em cotna a quantidade de gente que já lá levei. Se bem que após quase dois anos cá começo a sentir dificuldades com as doses portuguesas. No fim de semana convém reservar. Normalmente há música ao vivo mas não durante muito tempo.

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segunda-feira, julho 21, 2008

Dia nacional da Bélgica

E onde estamos neste país irrequieto? Depois da terceira demissão do primeiro-ministro o Rei decidiu dar-lhe a oportunidade para se demitir uma quarta vez. Ontem no seu discurso anual o Rei fez questão de relembrar a todos os belgas que é preciso encontrar uma forma de viverem juntos sem toda esta azáfama política.

Entretanto começo a perceber isto tudo um bocadinho melhor: Há a minoria flamenga que quer a indepêndencia, os flamengos que não gostam de estrangeiros e votam no partido de extrema-direita e os flamengos "normais"; há também os wallons que são extremistas e que querem ser anexados à França (ou seja, separados da Flandres) e os wallons que começam a mentalizar-se que mais cedo ou mais tarde a Bélgica deixará de existir; portanto temos estas cinco "personagens" envolvidas mais os estrangeiros, como eu, que cá vivem e os estrangeiros ligados à UE.

Para haver separação é preciso haver uma maioria num referendo e nenhum dos lados com extremistas - flamengos que querem ser independentes ou os wallons que querem fazer parte da França - tem sequer um terço da população. Ou seja, se um dos lados realizar um referendo não tem hipóteses de ganhar. Nem de longe.

Então porquê toda esta confusão e pânico contante ao longo do último ano e meio? Bem, por um lado não sei e acho que os jornais e os extremistas aproveitam-se do facto da maioria da população não perceber bem o que se passa e instam mais medo do que o necessário. Mas por outro estes dois lados têm de se entender para uma decisão ser tomada em relação a tudo. Para terem uma ideia todos os orçamentos estão à espera de aprovação desde 2007, as acções do governo belga e do banco belga estão a descer porque o mercado bolsista não tem confiança num país sem governo, a economia do país piora a cada mês sem governo.

Hoje no dia nacional belga há bandeiras belgas por todo o lado, mais do que no ano passado devido à instabilidade, o Rei até tem razão, sabem? Se milhões conseguem entender-se no seu dia-a-dia por que não consegue o governo?

Vou participar nas celebrações porque gosto do país e não apenas de uma comunidade ou outra e porque Bruxelas é interessante precisamente porque pertence a duas comunidades e a estrangeiros confusos. Há museus com bilhetes a 1e, fogo de artifício, parada militar, feiras, barraquinhas de comida, igrejas abertas ao público só hoje... vou juntar-me a um grupo de japoneses com máquinas fotográficas e mostrar as fotos do que um dia foi a Bélgica aos meus netos? Ou vou continuar a rir-me disto tudo? Para já vou rir-me dum detalhe das celebrações: quem quiser e gostar de emoções fortes pode ir até ao palácio da justiça e saltar do telhado em rappel.... estes belgas são doidos.

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Casa das borboletas

Situada entre a fronteira com os Países Baixos e o mar, Knokke consegue ser a vila mais cara do país e a mais exclusiva também. Para além de albergar os ricos aloja uma reserva natural de pássaros e uma estufa de borboletas raras e em perigo de extinção (algumas já só existem na estufa). Há igualmente muito vento e algum "mar" (perdoem-me mas eu sou da Madeira e cinzento escuro não é bem mar...) para praticar vela, windsurf e afins.

A estufa não é muito grande mas está repleta de borboletas, nos primeiros minutos faz um bocado de confusão ver tantas asas de volta do nosso cabelo mas depois apercebemo-nos que elas nunca nos tocam. Excepto se quiserem pousar um bocado no braço ou costas de alguém, o que me aconteceu duas vezes - senti-me usada (ver última foto).

Fotos tiradas (uma pequena amostra da enorme quantidade de borboletas da estufa) com uma NIKON D40.

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sábado, julho 19, 2008

Become a super hero - start saving your only planet

sexta-feira, julho 18, 2008

Música para o fim de semana grande

Segunda-feira é o dia nacional da Bélgica, vou tentar aproveitar ao máximo o fim de semana grande. Sábado e domingo vou visitar uma reserva natural na Flandres e uma reserva de borboletas, estas músicas fazem parte dos cds de viagem.

A amostra de hoje é muito variada, com alguns artistas novos prometedores e outros que já deviam ser mais conhecidos. As últimas duas músicas foram utilizadas em novos anúncios da Nike e da NBA.

Ben Sollee - A change is gonna come. (versão de Sam Cooke cf Sweet soul music)

The Kooks - She moves in her own way.

Amos Lee - Street corner preacher.

Elliot Smith - Georgia, Georgia.

The Do - Stay (just a little bit more).

Radiohead - House of cards. Vídeo do anúncio NBA.

Saul Williams - List of demands. Vídeo do anúncio da Nike.

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quinta-feira, julho 17, 2008

Feist na Rua Sésamo

A Feist pegou no single 1 2 3 4 e levou-o à Rua Sésamo. O vídeo é fofo, tenho de admitir.

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Leitura musical

Não conheço outro livro tão bom sobre a música soul, embora se limite à música soul do sul é um compêndio incrível para conhecedores, fãs, curiosos e estudiosos. Guralnick foge à escrita institucional sem passar por fã super excitado e admite logo à partida que mesmo após cinco anos de pesquisa mal tinha começado o trabalho. Quase sem me aperceber fui fazendo uma lista de artistas que não conhecia e recomendo o processo para quem não conhece muito deste género musical - mesmo os que conhecem vão acabar por tomar notas, suspeito. Aprofundar conhecimentos com uma escrita tão ligeira e interessante até parece bom demais.

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quarta-feira, julho 16, 2008

Quarta-feira em Bruxelas

De vez em quando perguntam-me onde costumo comer em Bruxelas ou que há para fazer em estadias curtas e em vez de me sentir mal por me ter esquecido de mencionar x ou y decidi que cada quarta-feira recomendarei um lugar. Um restaurante, um parque, um museu, uma loja...

Começo com dois restaurantes belgas:

Den Talurelekker. Rue de l'Enseignement , 25 1000 Bruxelles. Esta miniatura de restaurante tem apenas especialidades de Bruxelas e até o menu tem nomes no (em perigo de extinção) dialecto de Bruxelas. O nome quer dizer "aquele que lambe o prato" no dialecto de Bruxelas. Nas paredes há fotos dos reis e rainhas belgas. Apareçam com fome porque mesmo os pratos pequenos são cheios e os guisados são mais pesados que os nossos. Orçamento (médio): com bebida e sobremesa - 30e por pessoa.

Les Brassins. Rue Keyenveld, 36 1050 Bruxelas. Caso raro de cozinha aberta até à meia-noite (sábado até à 1h) este "estaminé" de cervejas artisanais, repleto de posters de cerveja e vinhos antigos, que incluí um pouco de tudo da cozinha belga e um menu do dia mais cosmopolita tem-me ajudado em muitas noites de cinema e/ou borga. Um bom local para começar a descobrir a comida belga assim como os belgas. Não se iludam com o espaço vazio às 19h ou 20h, depois das 22h nunca vi mesa vazia. Orçamento (médio): com bebida e sobremesa: 20e/25e.

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terça-feira, julho 15, 2008

Mas eu já não vi este filme?

Ontem o primeiro ministro belga demitiu-se - pela segunda ou terceira vez, já nem sei. O dia nacional belga é já segunda-feira e não há governo, nem acordo à vista, o rei ainda não se pronunciou mas aposto que também lhe apetece distribuir uns reais tabefes.

Para os fracos de memória sugiro visitarem os arquivos do fim do mundo com a etiqueta "Bélgica", quando me apetece rir um bocadinho costumo ir lá parar.

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Quem me vier visitar terá ao menos um

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segunda-feira, julho 14, 2008

Recomendado

Aos amantes de fotografia e de viagens. Stuck in customs tem fotos de todo o mundo e alguns truques interessantes.

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domingo, julho 13, 2008

Obsessão do momento

Yoshihiro Tatsumi é um dos 'WIll Eisners' do Japão mas por alguma razão estranha o seu trabalho só começou agora a ser traduzido. Ainda só existem três obras disponíveis em inglês e francês de 1969 a 1972. Comprei as três num espaço de dois dias e lamento não saber japonês para continuar a descoberta. Tatsumi quebrou as regras ao pegar na linguagem das mangas e usá-la em banda desenhada com histórias literárias, contos quotidianos; quebrou as regras igualmente ao mencionar vez e vez sem conta os efeitos da cultura sexualmente restrita do Japão e falou de Hiroshima de uma forma tocante sem ser melodramático, mostrando pela primeira vez ao ocidente como foi reconstruir uma vida depois de tanta violência. Recomendo seriamente.

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sábado, julho 12, 2008

Sinto-me velha

Cozinha. X está a preparar a salada. Y está a pôr a mesa.

x - A merda da faca não corta nada! Agora é que dava jeito um amolador.

y - Um quê?

x -Amolador.

y -...

x -O homem que afia as facas?

y - hein?

x - É pá, o homem vem com uma maquineta e toca uma flautita, a malta ouve e vai à cozinha buscar as facas moles; depois o senhor afia as facas, como nos filmes: ora dum lado ora do outro...

y - AH!! A minha avó tinha um na aldeia!

x - mau...

y - mas isso era antes do IKEA, certPublier le messageo?

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sexta-feira, julho 11, 2008

O fim da crítica literária nos jornais e revistas?

A crónica do Guardian parece ter-se resignado.

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Hoje é o dia nacional da Flandres

É feriado apenas na Flandres. Há festa e concertos gratuitos em Bruxelas. Apareçam - falem inglês! Se há dia para não falar francês com os flamengos é hoje!

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quinta-feira, julho 10, 2008

As nossas igrejas não são assim (Gent/Gand)

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quarta-feira, julho 09, 2008

Corredor dos artistas (Gent/Gand)

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segunda-feira, julho 07, 2008

Sofrimento cultural

Há meses emprestaram-me um filme turco chamado Eskiya. Foi-me emprestado por uma amiga búlgara (que namora com um turco), somos bastante próximas e por me repetir que o filme era lindíssimo mas que a tinha feito chorar, achei que devia ver. Ora com dezenas de filmes e séries para ver fui adiando com a desculpa que não queria mais um Bambi ou A million dollar baby mas adiei tanto que comecei a receber piadas então ontem obriguei-me a ver o bendito filme. Para minha surpresa não chorei, até ri um bocado mas não por bons motivos. Eskiya é dos piores filmes que já vi e eu vi muitos maus, contudo, em retrospectiva acho que é daqueles filmes tão maus que a descrição só os pode tornar interessantes e cómicos. Se perdoarmos a produção ridícula -quem sou eu para reclamar da falta de orçamento?- e engolirmos uma senhora de trinta anos a passar por idosa apenas por ter uma peruca, armas de polícias que disparam como bombinhas de carnaval (juro), uma ferida de bala que explode cerca de sete segundos depois do disparo, um corpo que salta epilepticamente com apenas uma bala e um fogo de artifício numa tela em frente ao actor - acho que era suposto parecer que o actor estava mesmo a ver o fogo - ainda temos de lidar com um guião tão previsível que comecei a dizer as falas antes dos actores, se bem que falhei alguns tempos verbais e eufemismos; depois do guião temos ainda de engolir um único actor mais ou menos decente entre três de teatro amador e cinquenta mendigos de rua (só podem ter aceite pela sopa ao fim do dia). Eskiya é turco para "bandido" mas não um bandido qualquer, um daqueles que se refugiam na montanha para nunca serem apanhados pela polícia. Baran era um verdadeiro Eskiya que foi traído pelo melhor amigo que roubou o seu ouro e a sua amada. Uma história que nunca antes foi contada. Cof. Passou 35 anos na prisão onde os seus amigos, o seu bando, definharam às mãos da tortura (que ninguém ache que a Turquia não tem armas de destruição...) e às doenças que eu vou evitar na Índia. Baran regressa à sua terra natal para descobrir uma barragem e uma "velha" que o tenta convencer a ficar. Baran parte. Encontra o homem que o denunciou à polícia; fita-o. Fita-o durante muito tempo. A dada altura há este brilhante diálogo:

- Baran.

- Sim.

(...)

- Baran....

- Sim...

(...) (nesta altura a minha companheira de filme gritou algo como "oh meu Deus, é como ver o Doctor Jivago outra vez!)

- Baran... Vais matar-me, não vais?

- Sim.

- Esperei muito tempo por este dia. Vais mesmo matar-me?

- Eventualmente.

- Obrigado, Baran. Obrigado!

Não há palavras para descrever a qualidade do trabalho de actores. Enfim... mas com este diálogo Baran descobre que o seu melhor amigo se casou com a sua prometida e parte para Istanbul. Istanbul tem 10 milhões de habitantes mas Baran encontra logo no comboio um traficante de droga e ladrãozeco e ficam tornam-se próximos como pai e filho, um entregando o dinheiro à máfia pelo outro e o outro procurando uma pessoa numa cidade de milhões. O arquinimigo aparece convenientemente na televisão, é rico e poderoso. Há polícia e máfia pelo meio. Baran descobre que Keje, a sua amada, está viva. Na frase seguinte descobre que ela não fala desde que ele foi preso. Na frase seguinte já está em frente a Keje. Baran e Keje. Keje e Baran. A câmara aumenta o suspense. Ninguém fala. Ele avança uns passos. Ela levanta-se. Ah, sim, por algum motivo estranho todas as personagens sabem sempre quando o Baran está a chegar ou nas suas costas, eu disse que era dos banhos turcos mas fui acusada de racismo- não era, o homem passou 35 anos numa prisão e ainda não tomou banho. Baran poetisa. E ouve-a a falar (talvez o Contra-Informação possa imitar a voz roca da senhora). Baran e Keje. Baran de olhos humedecidos promete voltar.Baran decide ajudar o bandideco que vê como um filho. Baran falha. O jovem morre. Baran fica furioso e ataca a garagem dos mafiosos (sim, garagem), numa garagem com 15 homems armados Baran sai ileso, nem um arranhão. O truque é um amuleto oferecido pela "idosa" da aldeia, é melhor do que um colete anti-balas, alguém está a ver como é que isto vai acabar? Depois de matar todos os mafiosos e o ex-amigo anda pelos telhados de Istanbul até a polícia prometer não o magoar. Bombinhas de carnaval. Baran é intocável. Atravessa um terraço e perde o amuleto. Bombinhas de carnaval. Baran apercebe-se da perda do amuleto. Zoom para suspense. Fogo de artifício numa tela em frente ao terraço. A tela mexe-se. Baran avança a passos largos em direcção à polícia. Bombinhas de carnaval rebentam no peito de Baran. Eskiya abre os braços ao fogo de artifício sob os olhares espantados da polícia. Eskiya voa em direcção ao fogo de artifício. Keje olha para ao céu e sabe que Baran morreu. - Adeus, Eskiya. Eu dei pulinhos no sofá e murrinhos na almofada. - Acabou, acabou, acabou!!! (...) Vou matar a Maya. Espero que o meu sofrimento vos ajude nas vossas aventuras culturais, às vezes a curiosidade, simpatia e abertura para outras culturas fazem-vos sentir quarenta anos mais velhas mas sem a peruca.

NB. O filme é (incrivelmente) de 1996 e é super elogiado na Turquia e até no IMDB (quase sempre comentários turcos) portanto sugiro algum decoro ao falarem no filme a nacionalistas.

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domingo, julho 06, 2008

Gent / Gand

Quando se fala na Flandres turística fala-se sobretudo de Brugge/Bruges e de Antwerp mas Gent merece mais do que uma visita, merece uma estadia também. Os passeios de barco mostram edifícios escondidos e há enorme variedade no tema dos passeios: vinho, gastronomia, história de arte, com ou sem fatos de macacos, história da Flandres etc Gent é sobretudo uma cidade universitária por isso recomendo visitas fora do período escolar, podem alugar uma bicicleta da câmara e deixá-la noutro ponto da cidade (é super plano) e há edifícios e arte para todos os gostos; pessoalmente não gostei do bolo local mas continuo fã da cozinha flamenga. Mais fotos daqui a dias, alguém tem perguntas?

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