domingo, outubro 28, 2007

A montanha mágica

Se não fosse a loiça para lavar era um domingo perfeito.

O meu domingo resumiu-se a duas horas na loja de banda desenhada; comer apple crumble with custard e pizza; ver os 13 episódios da série um do Conan - O rapaz do futuro (agora tenho o raio da música na cabeça) e ler os dois livros de BD que comprei, um dos quais tem gerado um "zum-zum" impressionante: Jirô Taniguchi é um autor de mangas reconhecido um pouco por todo o lado que acaba de criar o primeiro "manga europeu". Lê-se "à europeia", é colorido (cada página parece uma aguarela), tem elementos sobrenaturais típicos da manga e do focklore japonês e contêm boa ficção (na verdade, é como um conto ilustrado). Há já quem reclame que neste volume o autor perdeu muito tempo no desenho em detrimento da história mas eu acho que basta esperar pelo segundo "manga europeu" para tudo voltar ao normal.

Por que razão este livro é tão importante? Porque se resultar (e as vendas e o interesse parecem encaminhar-se nesse sentido) acabamos de testemunhar o nascimento de um novo tipo de álbum de BD. Claro que para aqueles que não gostam de BD isto tanto vos faz mas eu estou eufórica. E se este livro pudesse de alguma forma mostrar que nem todos os mangas são violentos ou Pokémons, eu podia descansar um pouco. Agora se o Taniguchi criasse um livro a partir da obra do Miyazaki... (ver artigo do jornal Le Soir aqui)

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Achei, achei!!

Após meses de busca encontrei a série 1 do Conan - O rapaz do futuro. Aqui é "Le fils du futur"(versão original com legendas em francês). Andei meses na internet, em inúmeras lojas por toda a cidade de Bruxelas para encontrar a caixa à minha disposição da loja de banda desenhada da minha rua. Há aqui uma lição qualquer, já sei.

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quinta-feira, outubro 25, 2007

137 dias sem governo

Entretanto os jornais belgas divertem-se com:

1) A evolução das negociações. Se bem que as coisas parecem estar melhor agora, já há acordo sobre a maioria das pastas.

2) Na freguesia de Sant-Josse houve conflitos sérios entre turcos e curdos com carros e um centro cultural a serem incendiados.

3) Na periferia de Bruxelas (ou seja, na Flandres) há uma zona com quase exclusivamente wallons (mas bilingues) e este iniciaram uma luta pelo direito de poderem enviar documentos oficiais em francês. Não sei se se lembram mas apenas Bruxelas é bilingue. Convocou-se o que parecia ser uma reunião normal e a polícia enviou meia dúzia de guardas. Os extremistas flamengos souberam da reunião e decidiram juntar-se à festa. Foram precisos reforços para prender dezenas ou simplesmente retirar da sala. A parte mais gira foi quando os últimos dois flamengos batiam com a porta - para terem uma ideia: os flamengos eram a maioria na reunião e no fim restavam dois - um dos wallons usou o argumento mais utilizado pelos flamengos:

- Tiveram mais do que tempo para aprenderem francês e serem bilingues!

Apesar de não gostar de extremistas achei piada à estratégia dos extremistas flamengos: sempre que alguém falava em francês um levantava-se e gritava: A Flandres é flamenga! E era depois escoltado por um polícia. Ler as notícias agora é como seguir um folhetim.

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quarta-feira, outubro 24, 2007

Chegou mais cedo e não deixou saudades

O frio já chegou a Bruxelas. Não, não é normal chegar em Outubro mas para aqueles que ainda acham que o aquecimento global é um mito vamos fingir que sim. Saí de casa com dois casacos, luvas, gorro e a dizer palavrões. Havia geada e fora de Bruxelas muitos carros e plantas acordaram com gelo. Amanhã vou comprar um cachené. Estão a ver aquela malta que parece que vai assaltar um banco no meio da neve? Vou ser uma delas.

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terça-feira, outubro 23, 2007

O estala ossos

Fui finalmente ao osteopata; a minha irmã deu-me um contacto e arrastei-me após outro dia de cão (com um cansaço tal que passei em frente à porta e continuar a andar). Encontrei um consultório extremamente agradável e um médico velhote muito simpático.

Mas meninos e meninas deixem-me contar-vos sobre a sensação maluca de ouvir os ossos do pescoço a estalar. Primeiros o magano apanha-vos desprevenidos, manda-vos deitar de barriga para cima e logo aí achamos que ainda não vai acontecer nada; então levanta braços e mexe-os, apalpa músculos, carrega no pescoço, no peito e a malta relaxa e habitua-se. Depois põe uma mão à frente (no peito) e uma nas costas enquanto levanta uma das pernas e quando ainda estamos a pensar:

- que raio?...

TRAAAC. E a nossa espinha estalou.

O mais assustador para mim foi realmente o pescoço, é uma sensação um bocado assustadora ouvir o pescoço estalar (TRRRRRRRAAC) e virar assim de repente, afinal de contas é assim que matam pessoas nos filmes. Mas cá estou vivinha da silva e toda contente, realmente não dói nada e sinto-me incrivelmente melhor. Será que a gripe se cura assim também? Dava jeito.

Morder a língua

Após dois meses a trabalhar em francês disse em voz alta:

- É o que venho de fazer (je viens de le faire).

- Isto não marcha bem (ça ne marche pas).

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segunda-feira, outubro 22, 2007

Indirecta

Milhares de emigrantes polacos regressaram a casa ou visitaram o consulado para votar. Um dos gémeos foi destronado. Ao que parece estavam fartos da má imagem do seu país e do tumulto que os gémeos causaram.

Há cerca de cinco milhões de emigrantes portugueses. Não sei se estou a ser clara.

domingo, outubro 21, 2007

Não me deixem entrar em livrarias

Na sexta-feira comprei (por ordem de compra):

A menina do mar de Sophia de Mello Breyner Andresen.

Contos exemplares de Sophia de Mello Breyner Andresen.

The yiddish policemen's union - Michael Chabon

The commitments - Roddy Doyle

E apesar do total aproximar-se dos 50 eur ainda tive fazer um esforço para não trazer outros dois. Suspiro. Talvez seja altura de arranjar uma televisão.

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sábado, outubro 20, 2007

Alguém conhece este livro?

Hoje falaram-me de um livro que conta a história de um rapaz que foge de casa (ou perde-se) e encontra uma casa abandonada onde descobre um livro. Começa a ler o livro até que precisa de ir à casa de banho e usa as primeiras duas páginas do livro como papel higiénico. Em suma, o rapaz acaba por não saber quem é o autor nem o título do livro e debita sentenças como "é melhor ler um único livro toda a vida e compreendê-lo a fundo que ler muitos e não os compreender".

Alguém conhece esta obra prima?

sexta-feira, outubro 19, 2007

Degustação com sabor a infãncia

Fui à livraria portuguesa e comprei os Contos exemplares e A menina do mar da Sophia de Mello Breyner Andresen. Depois do jantar sentei-me a ler lentamente A menina do mar e sorri durante quase toda a história.

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quinta-feira, outubro 18, 2007

Uma revista holandesa

O espectáculo do Hans Liberg lembra muito uma revista portuguesa: o público não resiste e bate palmas, acompanha o refrão e ri muito. Como é que isto é possível com música erudita? Bem, o senhor tem talento, sem dúvida mas acho que o verdadeiro trunfo é toda uma abordagem - pela parte do público e pelo artista - que não olha a música erudita como algo com cheiro a mofo.

Como já mostrei imenso do Liberg aqui ficam dois clips de outros dois músicos/comediantes:

Cleaning riverdance.

I will survive.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Hans Liberg

Logo à noite vou até Antwerp ver o espectáculo do holandês Hans Liberg. Será tudo em neerlandês mas acho que a música vale a pena (depois confirmo).

Apresentação de 8 minutos ou o porquê das minhas expectativas altas.

O senhor goza com uma espanhola.

TATATATA. Na Alemanha (com legendas em inglês).

Mothefucker Mozart (com legendas em inglês).

terça-feira, outubro 16, 2007

(Nova )leitura do momento

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É MUITO difícil tirar fotos a gatos

segunda-feira, outubro 15, 2007

I hate mondays

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domingo, outubro 14, 2007

Músicas para o frio

Iron & Wine - "Boy with a coin".

Buffalo Springfield - "For what it's worth".

Tori Amos - "A sorta fairytale".

The Veils - "Lavinia".

Finley Quaye - "Even after all".

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sábado, outubro 13, 2007

O fim e o princípio

Ainda estou a recuperar do choque, acabo de saber a minha revista preferida acabou. A Premiere deixa de ser publicada já este mês.

Mas o Criswell agora está em formato cibernético: Dias de Criswell. Enfim, ao menos não se perde tudo. O que é que eu ia fazer sem o "subtitle spotting"?

A Bélgica unida jamais será vencida?

Como resposta ao crescente movimento separatista (ver Flandres vs. Wallonie e independência) surgiram imensas bandeiras belgas por todo o lado. Confesso que a princípio pensei tratar-se de restos de um feriado qualquer mas ao que parece milhares de belgas começaram a hastear bandeiras nas varandas e janelas (lembram-se como foi no Euro 2004?) como forma de protesto contra o governo que não existe e contra todas as birras recentes. Só na zona de Bruxelas na semana passada surgiram mais de seis mil bandeiras. O poder político ainda não comentou.

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sexta-feira, outubro 12, 2007

Bebés à prova de bala

Caso vivam em Tel Aviv este site pode ser-vos muito útil.

Leitura do momento

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A curiosidade matou o chefe?

Após uma semana de caos no escritório tive um dia inteiro de tédio, não tive absolutamente nada para fazer. Sentei-me num banco ao lado do meu chefe e observei-o enquanto ele não fazia nada. Cruzei as pernas e balancei a perna direita. E tive uma ideia brilhante: carregar com o pé numa manivela da cadeira à minha frente. O assento do meu chefe desceu tão depressa como o assento de um piloto de avião que se ejectou por engano.

sexta-feira, outubro 05, 2007

O poder sobe-lhes à cabeça?

Saí do trabalho 40 minutos antes da consulta com a osteopata. Imprimi um mapa e tudo (nunca tinha ouvido falar da rua). E como cheguei mais cedo fui passear um pouco. Toquei à campainha às 16h57. Uma miúda talvez mais nova do que eu abriu a porta e mal eu disse "boa tarde" exclamou num tom incrivelmente ríspido:

- Chegou 15 minutos mais cedo. Tem consciência disso?

Pisquei os olhos duas vezes. Olhei para o telémovel.

- Bom, não. No meu...

- Chegou 15 minutos mais cedo e eu estou atrasada meia hora. A meu ver tem 45 minutos para passear pela cidade.

- Ah, mas...

- Posso guardar-lhe o casaco enquanto vai passear.

Pisquei os olhos uma vez. Ouvi-a ainda a perguntar se queria esperar durante 45m na sala de espera, enquanto balbuciava um "não, obrigado". Escusado será dizer que não fui à consulta. Mas não tenho dúvidas nenhumas que aquela estala seja o que for.

Para quem me conhece, a minha falta de resposta foi devido a um dia muito mau e stressante no trabalho, a ter ficado sem cartão multibanco e estar super cansada. Mas espero ter recuperado a vossa consideração com a minha birra final. Foi uma questão de orgulho podre.

terça-feira, outubro 02, 2007

Sadismo puro

Ontem a minha fisioterapeuta anunciou-me que devido à falta de evolução vai enviar-me para um osteopata. Ora como nunca fui a um perguntei inocentemente o que é que eles fazem de diferente.

- Estalam os ossos.

E ainda dizem que os belgas não têm sentido de humor.