sábado, fevereiro 04, 2006

Hospital comunista

Meus meninos, se os hospitais públicos portugueses fossem assim há muito que teria comido uma criancinha ao pequeno-almoço.

(nascer do sol em Klucisi) Pois é, a trampa da gripe intestinal -coisa nova para este corpinho cada vez mais lingrinhas - deu-me a volta ao sistema e fui fazer uma visita de estudo de três noites e quatro dias ao hospital local. Sim, estou bem, aliás, óptima, agora que já não estou no hospital. Basicamente, hei-de fugir de gripes intestinais como o Diabo da cruz. Eu nem sabia bem como agir porque na sexta não parava de vomitar e dei por mim a perguntar "mas o que é que eu faço com isto?, Como é que se trata uma coisa destas?" A boa velha da Coca-cola lá entrou em acção e passei a noite a beber um gole de água a cada 5 ou 10 minutos a ver se matava a sede e não voltava a vomitar. Sábado parecia que o pior já tinha passado, domingo a mesma coisa, até já pensava em sair segunda... Ainda apanhei a euforia com o "nevão" (cof cof - vocês chamam ISSO neve?), até falei ao telefone com o Rui e com os meus tios na boa. Tudo encaminhado para a cura. Pois. Desliguei o pc e pûs o tlm a carregar e fui dormir porque sentia-me exausta, olhem que foi um mau olhado, desatei a ficar cheia de frio, roubei o cobertor à Anna e tudo, tremia que nem um drogado na desintoxicação mas lá dormi. Isto seriam umas 15h (a Anna e a Liga foram a um jogo de hóquei) e pelas 19h quando percebi que as meninas tinham voltado decidi sair da cama, fiquei sentada uns minutos a sentir o pijama colado ao corpo e fui para a cozinha, comecei a sentir-me zonza que nem um carapau, não sei como parti um copo e pensei que ia voltar a vomitar então fui para a casa de banho e tava cada vez mais zonza, ainda abri a porta e acendi a luz mas não cheguei lá. Caí dura no chão e acordei com a Anna histérica a dizer à Liga para chamar o médico. Quando parei de me sentir zonza não conseguia mexer nem as pernas nem os braços de tão dormentes que estavam, lá continuei deitada no chão... A Zanda chegou primeiro que a ambulância e eu toda contente a mandar piadas do chão com elas as três pálidas a olharem para mim. Agora é que é a parte gira! Duas malutonas de cerca de 50 anos entram em casa com a maquinaria toda e claro, desatam a fazer perguntas em letão, depois com as traduções: pôe o dedo ali, o braço acolá, dói-te aqui?... Ok, vens para o hospital connosco. Eu até pensei que estavam a brincar. Foi a primeira - e espero que única - vez que andei de ambulância, a minha mana ficou cheia de inveja porque com todas as suas doenças e com tanta vez internada nunca andou de ambulância bem, eu posso ser macaca de imitação (afinal de contas a doente é a mana mais velha) mas ainda sei entrar em grande estilo. Hehe. As urgências do hospital pôem o ER a um canto, meus queridos. Até estava de boca aberta. Não se via praticamente ninguém, nada de velhotes a gemerem nos corredores ou crianças a chorar. Haja alguma vantagem neste frio desumano, ninguém se atreve a sair de casa. E também não podem desperdiçar qualquer tostão mesmo a taxa de urgência. Mediram-me a temperatura (38,3), tiraram-me sangue e mais perguntas com a Zanda a traduzir, eu estava à espera dum placebo qualquer e zup para casa quando me disseram que ia lá dormir perguntei o q raio é q a Zanda andava a traduzir. Levaram-nos para a parte antiga, para o infekcijas e enganem-se os que achavam que ia já dormir, era bom demais para ser verdade. Entram três enfermeiras com soro e seringas, até comecei a rir com o nervoso. Levei quatro picas no rabo, elas juram que não era penicilina mas doeu como se fosse e dois litros de soro e agora dorme mas não te mexas muito por causa da agulha. ;P A cada dez minutos vinham alguém espreitar a agulha e o soro e quando me viam com os olhos abertos, "sleep, sleep". Exacto, com uma agulha a deitar algo gelado para a veia e com vocês a entrarem sempre que fecho os olhos, claro. Ás 6h da manhã, sim, leram bem, ás 6h!! Entra outra enfermeira com um termómetro e outra para voltar a tirar sangue. Ás 8h entra um casal com um bebé de cerca de dois anos e porque não há coincidências, a mãe fala inglês e acabamos por fazer companhia uma à outra, tem apenas 21 anos mas garanto-vos que parece 25 ou 27. Quando a Zanda chegou já estava eu toda catita a ver se ia para casa e népias... (muito eu olhei para o tecto)

E assim passaram 3 noites e 4 dias. Verdade seja dita que eu ainda tinha 37,5 e não me queriam dar alta enquanto tivesse febre, verdade seja dita também houve para lá uma confusão qualquer que eu já estava a ficar preocupada... As enfermeiras da velha guarda foram um amor e bem que queriam falar comigo, até perguntaram à Zanda algumas coisas em inglês, a médica apesar de não primar pela simpatia era competente e tudo correu bem quando cumpri as ordens à risca. (a vista da minha janela, estava no primeiro andar e pensei várias vezes em fugir...)

O efeito Pavlov também apareceu, sempre que ouvia certos sons (a porta do meu quarto estava fechada) o meu coração dava um pulo porque pensava que eram as enfermeiras com mais injecções, soro ou até mesmo a comida.

Não tem um aspecto delicioso? Hmm? A cor é mesmo assim, o sabor é... bem, não há palavras para descrever o sabor.

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2 Comentários:

Às 4:28 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

com um quartinho tão acolhedor só para ti e ainda te queixas?!
Hás-de experimentar Sta Maria!...
(não precisa de ser tão cedo...)

 
Às 1:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Parece Maizena. Nao, nao, espera. Parece o sangue do androide no Alien. Nao, nao, espera. Parece... parece...

 

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