segunda-feira, janeiro 02, 2006

"Thou shalt love thy neighbour as thyself"

Pois é, pois é. Tenho novos amiguinhos... Quando cá cheguei a Anna avisou-me que os nossos vizinhos eram barulhentos e doidos, eu como estava cheia de febre passei a primeira semana quase sempre a dormir e não liguei muito; para aí na terceira noite a Anna foi dormir para a sala e a Liga só batia na parede dizendo impropérios, eu voltei a adormecer e a acordar ensopada em suor. Entretanto já não estou doente e comecei a aperceber-me que vivia no condomínio do inferno. Ao princípio quando a meio da tarde já não aguentava mais com o barulho ligava o pc e passava "Os contentores" dos Xutos e coisa resolvia-se, eles calavam-se e eu depois desligava o pc. Depois a coisa piorou. Aspiram à uma da manhã, tocam um piano fora de tom às 9h (eu adoro o som de um piano mas este é horrível, precisa urgentemente de ser afinado) e a televisão está aos berros a qualquer hora do dia. Pois bem, "desperate times ask for desperate measures". Fui à minha pasta de música erudita e pûs a tocar a Cavaleria Rusticana do Suppe, para quem não conhece, é uma declaração de guerra com cerca de 7 minutos. Durante três dias não abriram o bico. Depois voltaram a ser eles a acordar-me antes do despertador e curtiam "música" o dia todo mas eu pensava que eram horas legais por isso não me podia queixar. Passou o fim de ano e eu à espera de uma ganda farra e tal mas eles portaram-se lindamente. Eu bem que estranhei. Anteontem, começaram ao meio-dia. Passei o dia na sala porque no meu quarto não se podia com a música, os berros, as gargalhadas e copos a caírem no chão. Às seis da tarde eu já não podia mais e comecei a ouvir Alicia Keys simplesmente para não os ouvir mais, e não é que os filhos da mãe desataram a bater na parede? Bem! Toda a gente sabe que não se deve provocar. Comecei a passar Dies Irae do Verdi, Abertura 1812 etc tudo o que de mais estrondoso a música erudita tem para oferecer; do outro lado, batia-se na parede e martelava-se no piano (basicamente estavam a dar socos no piano com força). Fui buscar a arma secreta número um: a Cavalgada das Valquírias do Wagner. Os filhos da p*** atiraram o que eu espero que tenha sido apenas uma bola de neve à janela da sala, foi um estrondo! Dei um pulo no sofá e ainda olhei a ver se o vidro não tinha partido. Acendi a luz do quarto para não saberem em que divisão estava e sentei-me no chão longe das janelas a pensar "isto não é normal". Depois desataram a estragar o pobre piano (agora é que nunca mais fica afinado). E lá estava eu, sentada no chão a ouvir a Wagner e um piano a morrer, à espera da segunda bola de neve. (que eventualmente chegou) e aí só me ocorreu que não sabia falar para o 112. Foi um momento muito Edgar Allan Poe.

Enfim, eu às 23h não aguentei mais e fui dar uma volta. Preferi enfrentar temperaturas negativas e uma cidade deserta. Até foi giro, ainda se vê umas almas perdidas na rua, estava a nevar... Os semáforos estão todos no amarelo intermitente, o que dá um ambiente à coisa. ;p

Ao voltar conseguia ouvir os enviados de Satã na rua, pararam quase às 2h da manhã. Tudo bem. Substimei o inimigo e perdi a batalha mas isso não voltará a acontecer. No dia seguinte mal chegaram a casa foram recebidos pela grande Callas, pelo Rossini e pelo Nusrat Fateh (como não soará um paquistanês para esta malta? hehe), eu fui ao supermercado nas calmas e quando voltei ainda passei os velhos Limp Biskit. Só parei às 22h. Hoje passei Jimmy Hendrix, Eminem e Jazz dos anos 40. Não quero que se habituem ou que possam prever o que vou passar a seguir. Espero que os meus reforços voltem em breve porque isto com mais um computador e umas panelas é que era! Viva a diplomacia.

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