segunda-feira, outubro 13, 2008

Índia XI: os templos de Delhi parte III

Para quem está espantado com a quantidade de posts intitulados "templos de Delhi" posso só dizer que este é o último e que havia mais templos, muitos mais mas mais pequenos. É normal haver "mini-templos" em cada bairro. A religião é realmente um dos pilares da Índia, seguido da família. A foto acima é do interior de um tuk tuk. O meu companheiro de viagem foi um americano chamado Dave, que já estava na Índia há dois meses. Anda a dar a volta ao mundo de moto mas sem prazos, quando gosta fica, quando tem frio vai para outro sítio etc. Tinha ouvido falar sobre o templo lotus num café ou num restaurante, já não sei. Mas a curiosidade foi muita. Devido a alguma confusão na tradução até chegar ao templo pensei que ia visitar um templo budista. Logo à chegada apercebi-me que não mas não consegui perceber a que religião pertencia o templo. Felizmente havia muitos voluntários com brochuras. Era da religião Bahái. A brochura até era simpática, oferecia dados sobre a religião e sobre o edifício, mencionava serem contra as diferenças entre ricos e pobres, lutarem pelos direitos humanos e exigirem obediência total ao governo de cada um. Sou só eu que vejo a ironia? Do templo Bahái vê-se a torre do templo Iskcom. Eu já tinha visto o templo no meu guia mas também não sabia que religião era . Fui lá espreitar e mais uma vez passei pelo detector de metais, desta feita havia uma indiana obesa de uniforme sentada numa cadeira a revistar as senhoras que entravam (lembrem-se que há uma mulher que revista as mulheres e um homem que revista os homens). A senhora nem se levantou, ia revistando toda a gente na sua cadeirinha. Voltei a sentir-me usada e continuo a achar que (mesmo com a minha mentalidade aberta) algumas mulheres não me revistaram, aproveitaram-se de mim. Enquanto ajustava a roupa interior depois da revista da senhora obesa reparamos num poster que anunciava um espectáculo de luz, laser e robots. Senti-me logo em casa. Infelizmente o espectáculo era caro e o Dave tem uma regra estrita de não dar dinheiro a religiões. Nos primeiros 10m o templo ainda estava fechado. Vou tentar explicar bem o que se passou depois de abrirem as portas: A maioria dos indianos sentou-se no chão, eu fui dando voltas reclamando que não se pode tirar fotos no interior dos templos até que vi indianos a tirarem fotos. Mal comecei a tirar fotos uma das portas douradas abre-se e sai um monge(?) careca e com uma trancinha que - JURO - sopra para uma concha. Olhei para a outra porta (maior) e também lá estava um monge a soprar uma concha. Dois seguranças começam a obrigar as pessoas a levantarem-se. Um deles foi quase empurrado. Tive um momento de esperteza rara e não tirei fotos ao segurança. O barulho de duas conchas dentro de um edifício semi-vazio é muito interessante. Depois das conchas afastam o cortinado e revelam altares dourados. Entretanto um terceiro monge sub-reptício estava sentado no chão no meio do templo e estava a tocar intrumentos e a cantar. Não se percebia bem o que dizia mas era muito calmo e lento. Durante o resto da cerimónia os monges abanaram um leque enorme aos deuses no altar. Num dos momentos em que estava a tirar fotos ao altar senti alguém a olhar por cima do ombro. Quando me virei para trás tinha cerca de doze rapazes entre os 8 e os 10 anos. Um fez-me sinal para tirar um foto na horizontal e não na diagonal como tinha tirado. Sorri e obedeci. Mostrei-lhes a foto e aprovaram. De repente o mais pequeno sorriu de orelha a orelha e fez sinal para lhes tirar uma foto a todos. Sorri e obedeci. Ficaram tão malucos mas tão malucos, que empurravam-se uns aos outros e apertavam-se para caberem todos no mesmo espacinho. Estavam tão irrequietos que a primeira foto ficou assim. Pedi-lhes para ficarem quietos e obedeceram sorrindo, contudo acho que a foto original mostra mais o espírito do momento. Enquanto íamos rindo uma segurança com o pior hálito de sempre veio brigar comigo por estar a tirar fotos e basicamente estar na galhofa. Fomos expulsos do templo de uma forma educada. Os miúdos depois quiseram - TODOS - apertar-nos a mão. Excelente.

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