domingo, maio 04, 2008

Leitura atlântica

Resumindo muito mal há um livro escrito praticamente em código repleto de cones, triângulos e símbolos, uma sociedade secreta com raízes em Atlântida, um soldado americano da primeira grande guerra que não sabe se foi roubado ou elucidado e um inglês que se esforça demasiado com uma irmã feia mas tenaz.

Uma das frases que mais uso para descrever o Boris Vian resume-se a prever que no futuro não voltarão a ler algo como "aquilo" e no segundo capítulo do Masters of Atlantis já pensava assim de Charles Portis, embora os dois escritores não sejam, de todo, comparáveis.

Ainda não sei se o livro é pura insanidade, alegoria ou crítica mordaz com todos os seus estudiosos obcecados, leitores que vêem sinais a cada frase mas que nunca chegam a acordo sobre o seu significado e com membros da ordem de Atlântida a querer levar a informação (a mesma sobre a qual ninguém tem a certeza) ao povo americano de qualquer forma possível: anúncios no jornal, entrevistas na rádio... Uma ideia já seguida pela cientologia que oferece massagens na feira do livro.

As personagens de Portis são cómicas de tão genuínas com um bêbado Popper a convencer o Grande Mestre a concorrer para o senado americano, o criado negro a fingir ser analfabeto com sotaque do sul quando lhe convém e com a inocência digna de um professor de arqueologia do mestre a ser levado por toda a gente ou a agarrar-se a uma promessa de filho pródigo. Todos têm a sua interpretação do livro secreto mesmo os que não o leram, nesse aspecto acredito que Portis poderia escrever sobre o que quisesse que seria levado a sério de tão realista.

Posso emprestar a minha cópia.

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