quinta-feira, setembro 27, 2007

Bélgica: uma explicação possível (III) update

Recebi informações recentes sobre a política/confusão interna belga que decidi partilhar.

1) Desde os anos 70 que é normal haver impasses de três meses. Normalmente após 100 dias o parlamento pede novas eleições; estamos a 110 dias. Aparentemente, para os belgas isto é normal. O sistema belga é parecido com o nosso, há vários partidos e é preciso uma maioria então formam-se coligações. E aqui qualquer português consegue compreender por que há impasses, basta lembrar as novelas PSD/PP.

2) Se não fossem os impasses nos anos 70 o flamengos nem teriam direito a ter aulas e informações na sua língua nativa.

3) Os noticiários wallons raramente têm notícias sobre a Flandres e vice versa, o que só ajuda ao distanciamento na minha opinião.

4) O hino nacional tem uma música e duas letras (para as duas línguas) e no verão passado perguntaram ao primeiro-ministro (o que de demitiu recentemente) para cantar o hino nacional durante uma cerimónia oficial e o coitado cantou o hino francês... Ao que parece apenas conhece o hino da Flandres e não o belga; não o ensinam nas escolas, convêm mencionar.

5) Uma das razões para o impasse é que os flamengos querem que um círculo eleitoral que agora pertence a Bruxelas (que tecnicamente fica na Flandres) e cujos votos contam apenas para Bruxelas passe a contar para a Flandres visto que Bruxelas tem uma maioria de votantes wallons e aquela área tem uma maioria de votantes flamengos.

6) Outro ponto importante na discussão são os impostos. Fizeram as contas e se os wallons pagassem os seus próprios subsídios de desemprego e doença o sistema falia. Mas há décadas atrás a Flandres era pobre e a Wallonia era rica (porque tinha indústria) e ninguém menciona o facto.

7) Há dias reparei numa caixa de "esmolas" na entrada do meu trabalho; pode-se ler: "your small change will make a big difference - United Fund for Belgium". Confesso que mantive a esperança secreta de que se tratasse de um fundo especial para pagar sessões de terapia colectiva para a Flandres e a Wallonie. Mas não, é apenas um fundo de distribuição de dinheiro e não só para organizações não governamentais belgas.

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