quinta-feira, dezembro 04, 2008

Leitura pescadinha de rabo na boca

"The future influences the present just as much as the past." Friedrich Nietzsche

Temo que se disser que o livro lembrou-me imenso de Nietzsche que ninguém o vá ler, deixem-me dissuadir-vos: se não lerem vou até Portugal e mato o vosso cão ou gato com um único tiro de espingarda. Não? ok... Descansem, o livro não é nada deprimente ou pesado apesar das várias influências e temas.

Uma história dentro de uma história dentro de uma história...

The stones gods é a primeira obra de Jeanette Winterson que leio. O nome da escritora está fortemente ligado ao Oranges are not the only fruit de 1983, a história de uma jovem que se apaixona por uma rapariga ao mesmo tempo que os seus pais a preparam para a enviar como missionária de Deus, e por isso acho que ninguém esperava uma incursão pela ficção-científica/ fantástico/existencialismo e análise político-social.

A obra de 246 páginas está dividida em três partes, sendo a primeira a mais extensa e crucial e atrevo-me a dizer a que poderia ser um livro. Como detesto spoilers vou falar apenas dessa parte.

Após guerras ridículas, ataques terroristas, poluição desmesurada e consumismo extremo o mundo ocidental entrou em crise, não há planeta para todos, o fim aproxima-se a grande velocidade. Nem tudo é mau no planeta vermelho, apesar de haver tanta poluição e radiotividade que não é possível sobreviver muito mais há conforto:"R is for Robot. There's Kitchenhand for the chores, Flying Feet to run errands or play football with the kids. (...) . There's Land-a-hand too, for the temporarily unpartnered. We have Robo-paws, the perfect pet - depending on your definition of perfect. We have TourBots, for hire when you visit a new place and need someone to show you around. We have bottom of the range LoBots, who have no feet because they spend all their time on their knees cleaning up. "P.17 As pessoas podem escolher uma idade e através de modificação genética ficar com o corpo dessa idade até morrerem. Há cidades cheias de mulheres de 24 anos e homens de 34.

Eis que um novo planeta é descoberto. Um planeta azul. Billie é enviada numa das primeiras naves juntamente com Spike, uma robot sapiens, uma robot infinitamente sábio e extremamente atraente. Durante a viagem ouve falar do planeta branco, tudo indica que no planeta branco viveram humanos ou pelo menos, humanóides. O planeta de Billie e Spike é agora o planeta vermelho devido a toda à poluição, a toda à destruição. Há tempestades de areia vermelha, criadas pelo excesso de dióxido de carbono. Durante a viagem há discussões sobre a definição do ser humano com a robot Spike a argumentar brilhantemente e de certa forma a ganhar visto que acaba por se envolver com Billie.

O planeta azul não é propriamente território virgem. Há imensa vegetação, água abundante, nenhuma poluição, e, dinossauros. (É aqui que o leitor mais distraído exclama um belo: "espera aí....") Para viver no planeta azul há que eliminar os dinossauros surge então o Capitão Handsome e desvia um asteróide na direcção do planeta. A ideia é causar estragos apenas às criaturas gigantescas, esperar que morram e voltar com uma empresa de construcção civil. Contudo o asteroide tinha outros planos, aterra mais cedo no planeta e com outras coordenadas. O Capitão Handsome acaba de condenar o planeta azul a uma longa idade do gelo...

"Perhaps the universe is a memory of our mistakes. And I shouldn't blame it all on us: there must be planets that are their own mistakes - stories that began and faltered. Stories that ended long before they should."P.106

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