domingo, novembro 19, 2006

A galinha de Bruxelas

Aqueles que me conhecem melhor (olá!) sabem que no secundário sucumbi a uma febre de Vergílio Ferreira. (Até bem meio da faculdade era o meu escritor português preferido cedendo lugar a José Gomes Ferreira, seguido sorrateiramente por David Mourão-Ferreira. Agora partilham o pódio com José Rodrigues Miguéis - que também viveu em Bruxelas, coitado.) A febre só passou com uma forte exposição. Um pouco como - e espero que os meus professores nunca vejam esta metáfora - só se cura uma mordida de cobra com pequenas doses de veneno de cobra.

Li um atrás do outro: Aparição, Manhã submersa, Até ao fim, Na tua face, Alegria breve, Contos, Cartas a Sandra, Para sempre etc Chegou ao ponto de quando me ofereceram o Em nome da terra, romance que a crítica elogia tanto como o Aparição, não o consegui ler. E, de facto, não o li. O livro, se não o emprestei, está na Madeira à espera de dias melhores. Não leio Vergílio Ferreira há uns bons três anos. E no entanto, continuo a listá-lo como dos meus escritores favoritos. (Para os curiosos o meu livro preferido é o Alegria breve e o meu título favorito é o Manhã submersa. )

Fontes seguras afirmam que o meu primeiro contacto com a sua obra foi através do conto "A galinha" (http://www.ficcoes.net/biblioteca_conto/a_galinha.htm).

O conto foi estudado ou no meu oitavo ano ou nono ano, a professora era a mesma por isso é difícil ter a certeza. Felizmente essa professora não sabe da existência deste blog.

O conto é mais complicado do que a minha mente inocente de treze anos contemplou. E é muito mais português do que na altura pensei.

Não há uma galinha dos ovos de ouro, há uma galinha dos problemas. O narrador, um pouco como o leitor, está incrédulo com o desenrolar dos acontecimentos - e que acontecimentos, meninos!

E toda essa confusão lembra-me a casmurrice que destoa entre a eterna luta entre o lado francês e o lado flamengo da Bélgica. Se calhar até já há um conto sobre isso mas ainda não o descobri. Aliás, deve haver um conto flamengo e um conto francês. Cada com a sua versão. Como muitas das nossas batalhas com Castela...

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