segunda-feira, novembro 27, 2006

Mas eu agora só escrevo obituários?

Agradecia que as pessoas cuja obra admiro, invejo ou venero parassem de morrer. Ou os bons artistas em geral, apesar de admitir que há muito boa gente cujo talento não me fascina de modo algum.

Ainda no sábado lidei com a morte do Robert Altman e agora foi o Mário Cesariny? Não vamos começar uma moda, pois não? Não me agrada a forma como isto tudo sugere o Death and the Penguin.

Lamento fazer parte da minoria que o preferia como pintor a poeta mas gostos não se discutem. Admito também que não fui nem sou grande apreciadora deste artista mas acho que Portugal precisa sempre e de mais pessoas que remem contra a maré, que sejam considerados estranhos e excêntricos, que sejam ao mesmo tempo motivo de chacota e de orgulho. Ocorre-me o nosso suposto presidente da república contudo falta-me encontrar a parcela de ingénuos optimistas que sente "orgulho".

Antes que me desvie mais, fica a vela para Mário Cesariny. Pouco ou nada poderia dizer sobre Mário Cesariny porque "nada está escrito afinal."

1923-2006

"
Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco"

1 Comentários:

Às 9:06 da tarde , Blogger oldmirror disse...

Antes, obrigado pela visita e consequente informação que deste.
Depois, sabes que eu estava a postar sobre o Cesariny, olhei para baixo e pensei exactamente no mesmo? Nos últimos dias só quase postava obituários. E o problema é que não se vê renovações à altura.
Abraço

old-mirror.blogspot.com

 

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