segunda-feira, abril 14, 2008

Especial banda desenhada PT 2

Continuando com o meu guia BD, apresento-vos os culpados, os livros que devorei quando era miúda - os mais marcantes, pelo menos, sim, porque eu também li Patinhas e afins. Mas a verdade, verdadinha, é que a minha família é que é culpada, ofereceram-me montes de BD, emprestaram-me outros, uma verdadeira lavagem cerebral. O meu amor pela BD era tanto que costumava sair da escola Bartolomeu e descer os 100 degraus minúsculos, andar 15 minutos, parar para comprar um gelado no senhor das frutas e entrar na casinha adorável que era a antiga biblioteca Gulbenkien; lembro-me perfeitamente de ler e reler livros na sala para crianças que tinha almofadas por todo o lado e culpo-os até hoje por ler banda desenhada quase sempre na horizontal. Muitas vezes a senhora tinha de nos mandar calar porque ríamos às gargalhadas...

Mafalda, Quino. Conhecida por muitos como a menina contestatária(ver caixa de comentários) e, para outros como uma forma doce de fazer crítica/política, esta menina foi uma constante na minha vida. Seria um dos livros a levar para uma ilha deserta, sem dúvida. Quando era mais nova não percebia completamente as tiras quando falavam do Fidel Castro ou da NATO e senti-me extremamente orgulhosa conforme fui crescendo e percebendo mais e mais tiras. Se fechar os olhos e pensar nas minhas primeiras leituras vejo o especial 13 anos com Mafalda que até está bem rascunhado com palavras da primeira e segunda classe, com letras de vários tamanhos e cores. Até hoje é comparada ao Peanuts, a única ligação a meu ver é que as crianças são os heróis e os adultos estão num segundo plano, muitas vezes ridiculizados pela sua visão do mundo, pela sua idade ("que montão de anos dizes tu que ele tem??") e pelas suas tentativas de sossegar uma geração inquieta com o seu futuro. Quino teve dificuldade em compreender o sucesso da Mafalda em gerações mais novas, o triste é que o mundo não mudou com os anos e os miúdos que crescem agora com 50 cents e Jay-Z compreendem a Mafalda e os seus amigos tão bem como eu ou os meus pais, basta mudar os nomes dos dirigente mundiais. Para todos, para todas as idades e mentalidades. Para quem gosta de caricaturas, de política, de Persepolis.

Astérix, Goscinny e Uderzo. Outro favorito nas leituras e releituras. O império romano floresce e ocupa toda a Gália, "toda? Não! Uma aldeia habitada por irredutíveis gauleses resiste ainda e sempre ao invasor."Cada livro mostra uma aventura nova do pequeno Astérix, do forte ("quem é o gordo?") Obélix e do cão mais adorável da BD, Ideafix. Os outros habitantes da aldeia e os coitados dos romanos que se fartam de levar porrada ajudam à festa. Ao contrário das aventuras da Marvel ou DC comics cujas cenas de luta primavam pela violência mutante, grafismo demente e maus da fita limitados em termos de neurónios, Astérix esta repleto de humor físico e verbal a cada página; o uso de estereótipos e sotaques é apenas um exemplo. Astérix prima pela inteligência e muitas vezes pela espontaneidade. Poucas tiras me fizeram rir tanto. Para toda a gente, para rir, para admirar. Para continuar com Bone de Jeff Smith.

Lucky Luke, Morris e Goscinny O cowboy mais rápido do que a própria sombra não precisa de introduções mas deixem-me que vos choque, eu sempre achei o Jolly Jumper muito mais interessante. O cavalo fiel e cáustico do Lucky Luke continua a ser das minhas personagens preferidas assim como nunca haverá cão mais estúpido que o Rantanplan. Inserido numa tradição do velho oeste que invadiu a literatura e a BD, Lucky Luke sobreviveu ao longo dos anos e das modas devido às crónicas bem escritas e com uma pitada de humor aqui e ali. Os irmãos Dalton também ficam para a história como criminosos com muitas ideias mas pouca sorte. O sucesso no cinema avança tendo apenas o infortúnio do último filme ter sido lançado a poucos meses do Astérix. Para os curiosos e fãs de cowboys e do velho oeste americano.

Gaston lagaffe, Franquin. A primeira vez que li o Gaston tinha 9 anos e os meus tios emprestaram-me vários volumes em francês. As invenções malucas, os animais de estimação estranhos (o gato mais adorável da BD e uma gaivota gananciosa) e as expressões faciais do Gaston conquistaram-me imediatamente. Felizmente ou infelizmente hoje percebo muito mais o Gaston, trabalha num escritório e sente os seus neurónios a desaparecerem numa folha excel (ou o seu equivalente, o correio para distribuir). Sempre com as melhores intenções do mundo Gaston é a personagem ideal para destruir todo um escritório, ou interromper uma reunião; quero um Gaston na minha equipa já! O Franquin veio mais tarde a reconquistar-me com as suas "ideias negras" mas isso fica para outro especial. Para quem sofre num escritório ou tem uma invenção na gaveta ou para quem quer conhecer o gato mais fofo da BD.

Spirou e Fantásio, Franquin. Juntamente com o Gaston os meus tios emprestaram-me Spirou também em francês. Deixem-me dizer-vos desde já que continuo a não apreciar o Fantásio. O Spirou segue um pouco a linha do Tintin no formato "jornalista e companheiro perseguem história e metem-se em alhadas" mas resultou muito mais comigo do que o Tintin. Só o facto de nos oferecer o Marsupilami, meninos... só isso vale montes de especiais. A dupla de amigos acaba por se transformar em detectives privados e muitas vezes, guarda-costas de um cientista maluco mas de bom coração. O marsupilami é uma criatura fofa, amarela com pintas pretas e com uma cauda enorme com um enorme sentido de justiça social e sentido de humor - veja-se como se diverte a pregar partidas aos índios. Para todas as idades, para fãs de invenções, do Gaston, de criaturas felpudas e do Macgyver.

Tintin, Hergé. Por uma questão de honestidade incluo o Tintin, é realmente um marco na história da BD mas por razões várias não é para mim. Li vários volumes quando era miúda mas nunca me interessei verdadeiramente e muitas vezes li-o apenas por não ter mais nada à mão. São várias aventuras de um jornalista e da sua cadela Milu, que incluem um duo de detectives gémeos e malucos, um capitão em terra, cientistas estranhos e uma cantora de ópera irritante. Cada volume relata uma aventura nova mas com as personagens a evoluírem juntamente com o desenho. Dou, contudo, mão à palmatória, muitas das invenções mencionadas eram bem pensadas e o foguetão vermelho mudou a cabecinha de muita criança. Para fãs do Indiana Jones e do jornalismo de aventura.

Especial BD parte 1.

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2 Comentários:

Às 4:22 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Reaccionária, a Mafalda??????
Contestatária, isso sim!!!!!!!!
Reaccionária nunca!

 
Às 7:03 da tarde , Blogger babsy! disse...

Ok, isso foi um lapso muito, muito estranho da minha parte. Juro que pensei ter escrito contestatária. O Freud pode explicar isto, já sei...

 

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