quarta-feira, janeiro 31, 2007

O que é que uma mesa e uma canoa têm em comum?

A minha parte preferida da minha mesa nova é lembrar-me o que custou carregá-la três andares. A melhor parte da mudança? Estar de cócoras a empurrar a caixa de 38 kilos com toda a força (a que me restava) e ouvir a minha amiga perguntar:

- Mas tu estás a empurrar?? A caixa não se mexe.

Foi assim que vimos que a caixa estava presa num dos degraus...

Na Estónia tive uma parecida, fomos descer o rio de barco (Éramos três tripulantes, uma da Estónia, outra da Lituânia e eu.) e a jovem lituana decidiu que 14 km de água eram suficientes então paramos o barco para a ida "à casa de banho". Eu e a Marik não nos atrevemos a mexer um único músculo, o barco estava inclinadíssimo (a Marik tinha o rabo dentro de água) e a água estava com 5 graus apetitosos. O barco ficou preso na lama e nos juncos mas apenas da parte da frente porque de resto ao mínimo movimento nosso ora caíamos para a esquerda ora caíamos para a direita... A Bernadette regressa, empurra o barco e senta-se. Eu e a Marik desatamos a remar. E remamos... remamos... e não saíamos do lugar. Coordenamos esforços e o máximo que conseguimos foi um belo par de gritos cada vez que o barco ameaçava virar-se. (Lembro-me que falamos em ler Three men on a boat.) Eu e a Marik tentamos equilibrar a coisa com cada uma a empurrar em direcções opostas. A Bernadette decidiu empurrar com o remo... nada. (Quer dizer, mais uns gritos.) A Bernadette que não sabia nadar - outra preocupação- pediu-nos para não gritarmos. Calmamente eu e a Marik explicamos que gritar era bom sinal, que se uma de nós parasse de dizer piadas ou naquele caso de gritar era porque íamos atirar a toalha. Tentei aproximar-me da Bernadette para empurrar, havia tanta água na canoa que escorreguei e quase virava o barco. Nem tive tempo de gritar. Só ouvi a Marik (que continuava com água até ao rabo) a suspirar:

- oh, não interessa. Para quê? Virem o barco. Eu saio aqui, já estou ensopada e gelada, não faz mal. Não me importo..."

Não sei muito bem se isto nos foi dirigido ou se foi um desabafo mas preocupou-me. Decidi tomar conta da situação. Falei com autoridade e o plano parecia que ia resultar. Peguei em dois remos e juntamente com a Bernadette comecei a empurrar. Empurrei com toda a força. E a merda do barco não se mexia. A Bernadette que continuava de costas para mim pergunta:

- Estás a empurrar?

Eu desatei a rir e pousei os remos. A Marik afirmou que sim, que conseguia ver-me a tremer e tudo. Continuei a rir. A Bernadette sai do barco (água gelada pelos joelhos) empurra-o cheia de raiva e caminha até nós, entra no barco sem o virar e diz:

- Pronto. Agora vamos embora que eu nunca mais entro num barco na minha vida.

Perdi contacto com ambas mas sempre que vejo o Three men on a boat numa livraria penso naqueles 14km e muitas vezes tenho de afastar-me porque tenho um ataque de riso sozinha.

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