quinta-feira, novembro 30, 2006

Pergunta sem resposta (?) Pt 1

Afinal o que é viajar, conhecer um país, uma cultura? É uma pergunta "multifurcada" a meu ver.

Já viajei com pessoas que achavam que realizar o sonho de ir à Rússia era fazer uma maratona de máquina fotográfica, lembram-se da corrida aos carimbos no passaporte da Expo 98? Ponham a imagem em fast forward - como nos Monty Python - e garanto-vos que era pior que isso e que não teve piada. Felizmente em São Petersburgo fiquei com outro grupo e pude andar com três russos. Claro que tive consequências incrivelmente estranhas mas isso é outra história. Para mim foi o exemplo perfeito de como não viajar. Admito que vi menos estátuas que eles mas sei muito mais sobre São Petersburgo e como as pessoas vivem, o que acham do resto da Europa e do seu país, o que comem, que piadas os divertem (não percebi a maioria mas felizmente havia humor cáustico), sei que andam muito depressa quando dizem que temos tempo e que quando dizem que não é longe andamos mais de três horas... Sei que beber uma cerveja às três da manhã durante as noites brancas à beira rio quando as pontes ainda estão a levantar-se é quase o equivalente à minha bejeca com tremoços. Se isto é verdade para todos os russos? Claro que não. Mas, hey, eu tenho amigos que não gostam de cerveja e que julgam que eu não reparo quando estão a gamar-me os tremoços.

"Let's waste time
Chasing cars"

Adorava conseguir explicar o meu conceito de viajar. De conhecer outro país. De integração. Mas são tantas coisas: Andar. Comer. Ver. Ouvir. Parar. Cheirar. É apanhar dois metros e um eléctrico e apanhar três acordeonistas diferentes. É ouvir com estranheza mas com respeito. É ter um arrepio - como os letões a quem contei a história de Pedro e Inês seguido da descrição da capela dos ossos em Évora - mas querer saber o fim da história. É descobrir que afinal somos capazes de sair da sauna de fato de banho e correr na neve quando estão menos trinta graus. É fazer perguntas, muitas perguntas. É o momento raro em que a rua fica deserta de repente durante 15 segundos e o vento atira na nossa direcção redemoinhos de folhinhas amarelas sem que uma única nos toque, dançam apenas à nossa volta num misto de provocação e fuga. É absorver. É conhecermo-nos no processo, no meio das mudanças. E muito mais.

"Everything
On our own"

Às vezes é como andar para trás e para a frente num metro cheio de gente mas sermos os únicos passageiros da carruagem.

"Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life"

*Citações da música "chasing cars" dos Snow Patrol,

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