quarta-feira, setembro 13, 2006

O revivalismo duma geração ingrata pt 1

Hoje é o 31° aniversário do Tom & Jerry show.

Deixem-me deambular pelos inúmeros minutos de violência gratuita e sorrir...

E qual é, afinal, o problema com a violência gratuita nos desenhos animados? (atenção, disse desenhos animados e não no bairro alto após uma noite de copos.) Eu, que até sentia pena do Coyote e que sempre achei o Bip-Bip um grandessíssimo cabrão sádico (quase tão cabrão como alguns programas da Microsoft), e que tenho tantos instintos assassinos e violentos como qualquer ex-aluno do ****** ****, sou a favor da violência gratuita, super-imaginativa e sádica dos desenhos animados. Porque adoro pensar "Ui! Aquilo doeu!".

Não me interpretem mal (isso nunca acontece, não é verdade?), só porque defendo a não-censura dos desenhos animados não quer dizer que seja totalmente alheia à realidade mas acima de tudo não sou nem sueca nem americana; o Speedy Gonzales tem de dizer "Ándale! Ándale!"e o Garfield tem de empurrar o Odie da mesa...

O meu querido pónei, os amigos do Gaspar e os ursinhos carinhosos foram também importantes para a minha ingenuidade actual e penso que hoje continuariam a resultar mas nunca me fizeram rir à gargalhada como os clássicos não politicamente correctos nem nunca me ocorreu que os seus criadores tivessem uma imaginação diabolicamente divertida. Muito menos andei horas a comentar cenas com os meus primos e amigos.

Vi parte de alguns episódios do Dragonball e não achei nada de especial, tinha uma certa graça japonesa e tal, contudo não é o meu género (Miyazaki, sempre!!!). Lembro-me da malta comentar a sua violência, que os miúdos de agora só querem sangue etc mas eu que já não tenho a idade deles, também quero sangue e violência! Desde que tenha piada. A verdade é que se bem me lembro também emiti comentários sobre os programas e sou das primeiras a dizer que não percebo a nova geração e os seus gostos mas acho que estamos bem até as coisas não chegarem ao ponto do Itchy And Scratchy Show (que pretende ser uma sátira, é favor não esquecer.) parecer inofensivo. Aliás, devo acrescentar que sempre desconfiei que os Peanuts não tiveram muito sucesso comigo e com a maioria das pessoas que conheço porque a única amostra de sadismo existente era a Lucy a tirar a bola dos pés do Charlie Brown; a mim irritava-me o Charlie Brown não a atacar com um lança-chamas, por exemplo.

Faz parte do envelhecer achar que tudo mudou, que os miúdos estão cada vez mais burros (e estão), que só comem porcarias e que não os percebemos. O problema do "envelhecer" é que é muito difícil envelhecer graciosamente e sem rancor (olhemos por um instante os adultos da nossa infância); invejamos-lhes os tempos livres, o poderem optar entre vegetar e ir jogar à bola enquanto fazemos o jantar e o rirem em voz alta com desenhos animados que não percebemos em vez de verem os que nós víamos.

Por tudo isso, vou revelar-vos um segredo, uma fórmula que tem resultado comigo: deixem os miúdos em paz, comprem um dvd dos vossos bonecos favoritos dos tempos áureos da infância/adolescência e libertem esse riso enclausurado na rotina diária. E com isto não digo que um miúdo de 9 anos deva ver filmes pornográficos ou que uma menina de 4 deva ver o Rambo (sorry, dude.). O que estou a tentar dizer é que ver desenhos animados é muito fixe. E se calhar impede muita gente de dar um tiro nos miolos, pelo menos é nisso que prefiro acreditar.

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