quarta-feira, agosto 02, 2006

outros olhos

Aposto que mesmo os que não viram o filme, pelo menos ouviram falar de A Residência Espanhola; até nem foi dos melhores ou mais interessantes filmes que já vi (fiquei muito mais impressionada com As Bonecas Russas) mas fiquei sempre com a ideia que a "malta fixe" que fez Erasmus idolatrava o filme. Ora o culto é uma coisa complicada: implica compromisso, religiosidade, muito sentido crítico sobre a obra seguinte ou anterior do mestre e claro, saber cenas, frases, imagens de cor. Ontem quando cheguei a casa apanhei os últimos momentos do filme na Rtp 1 e algures no meu cérebro houve um reconhecimento de terreno e um conforto com o campo magnético da terra, nem era por já ter visto o filme mas sim porque estava a perceber aquilo. E perceber o quê exactamente? O rapaz, que ao contrário do resto do mundo, acho bastante irritante estava a despedir-se de Barcelona após um ano de aventuras e insanidades, despediu-se dos seus amigos estrangeiros, dos seus sotaques e hábitos estranhos, todos prometeram manter o contacto e visitas futuras etc. Voltou para França com uma língua nova e sem saber como a usar na sua velha vida e deu em doido. Enquanto a gata se instalava no meu ombro de uma forma pouco comfortável para o dito cujo só pensava que os franceses são mesmo irritantes. ------ "Having no apparatus except gut fear and female cunning to examine this formless magic, to understand how it works, how to measure its field strength, count its lines of force, she may fall back on superstition, or take up a useful hobby like embroidery, or go mad, or marry a disc jockey." Thomas Pynchon, The Crying of Lot 49.

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