quinta-feira, outubro 02, 2008

Índia I: um começo auspicioso

O nosso vôo obrigava a uma escala em Helsinki, como nunca lá tinha ido achei por bem aproveitar. Chegávamos às 22h e partíamos no dia seguinte às 14h, sempre era uma manhãzinha num país diferente. Cheguei a dar uma vista de olhos em guias de turismo de Helsinki de forma a poder escolher um ou outro monumento. Ou seja, tudo parecia fantástico.

Segundos depois de pormos as malas no check-in a Maggie decidiu perguntar se as malas saíriam connosco em Helsinki ou se iriam directas para Delhi. Afinal de contas ainda íamos dormir uma noite na capital finlandesa; à resposta "só as recuperam em Delhi" apercebemo-nos - no exacto momento em que o tapete levou as malas para os escafandros do aeroporto - que não tínhamos pensado nisso e que não tínhamos pijama, muda de roupa, escova ou pasta de dentes... e que a maioria das nossas roupas quentes (que já nem eram muitas) estavam também dentro das malas. Sabem quantos graus há em Helsinki em Setembro? Normalmente entre 6 a 10... Um começo auspicioso, sem dúvida. Ainda nos rimos um bocado mas eu acho que foi do nervoso.

Depois de comprar uma pasta de dentes na farmácia do aeroporto (4e!!!) e uma escova consegui modificar e bloquear o código de um cadeado sem me aperceber. Isto porque tinha comprado dois especiais que pudessem proteger as nossas mochilas enquanto andássemos de metro ou no meio de multidões. Ou seja, tinha acabado de nos oferecer um belo quebra-cabeças para nos entreter durante a viagem, ao que parecem existem cerca de 500 possibilidades. Fazendo juz a uma tradição minha fui comer pães de alho (não perguntem) e quase me engasguei com a quantidade de alho que puseram. Foi erro pelo qual pagamos caro. Dois minutos depois de reclamar do gosto a alho consegui bloquear o outro cadeado. A Maggie retirou-os da minha mão. Por magia lá conseguiu abrir um mas o outro apesar de nos ter entretido umas belas horas no avião continua fechado até hoje.

A Maggie com as suas defesas sobrenaturais contra o frio.
Em Helsinki estavam 4 graus e nós só com um casaquinho. Depois de 20 minutos muitos longos o autocarro chegou. Após uma 1h30 chegamos à pousada - foi uma festa. Ou teria sido se não estivesse tanto frio que só conseguíamos pensar em cobertores. Tocamos à campaínha e a porta abriu. O prédio estava mais silencioso que um cemitério, mas não achei estranho visto ser uma da manhã. Ao chegarmos à recepção não vimos ninguém, absolutamente ninguém. Decidimos esperar um pouco, alguém tinha aberto a porta por isso... esperamos imenso em vão. Subimos e descemos à procura de uma outra recepção, voltamos a tocar à campaínha... nada. Às quase 3h da manhã não sabíamos se íamos procurar outro sítio ou dormir no sofázinho da entrada. Com a ajuda de panfletos começamos a ligar para hotéis e pousadas, quase todos sem lugar, encontramos um caro mas o cansaço falou mais alto. Já na saída a Maggie voltou a tocar à campaínha e voltaram a abrir a porta. Mau.... Ela subiu e eu fiquei aos saltinhos na entrada a ver se aquecia. Afinal o senhor tinha adormecido e apesar de parecer que estava sob o efeito de uma substância estranha lá nos inscreveu. Por razões que não percebi o papel estava em italiano e russo. Quando quis pagar o senhor estava a olhar para o vazio e nem me viu a acenar as notas em frente ao seu olhar; chamei-o várias vezes, a Maggie e eu tivemos tempo de rir com o nervoso e discutir estatégias até ele se aperceber de alguma coisa. Eu só queria dormir.

Os corredores metiam medo (eram todos como ou pior do que na foto) e a cama da Maggie tinha sangue seco. Uma maravilha.

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