quinta-feira, setembro 07, 2006

venham a Portugal as criancinhas

Logo a seguir a sair do aeroporto fui almoçar/lanchar com a minha mana e no restaurante reparei primeiro, que estava mesmo cheia de fome e depois num bebé minúsculo, amostra de gente, que estava num carrinho ao lado da nossa mesa. O carrinho ainda o fazia parecer mais pequenino e indefeso. Claro que os pais olharam para mim com um ar suspeito e intimidante... Só me deu vontade de ir fazer cócegas na barriga do puto ao som de "bilú, bilú, bilú..." mas a minha irmã é conhecida no bairro e era chato. E sendo a grande vergonha da família a nacionalidade e cultura da minha irmã tratei logo de lhe explicar que em Portugal o petiz já teria sido alvo de muitos comentários com voz (quase) de cartoon, que lhe teriam pegado num pézinho exalando muitos "óóóoooo", que até o adolescente mais envergonhado por estar num café perto da escola com a mãe comentaria enfadado: "é demasiado pequenino para estar num café cheio de fumo e barulho." e que muitas avózinhas ou pretendentes ao cargo lhe teriam analisados todos os dedinhos com sorrisos científicos e sábios para depois afirmarem sérias e embevecidas : "são tão pequeninos." A minha mana respondeu-me muito séria, em jeito de aviso como se temesse o meu próximo passo, que na Bélgica não tocamos nas crianças dos outros (referia-se a estranhos) e depois de uma pausa acrescentou "não sem autorização dos pais". Horas depois, noutro restaurante com o meu cunhado, discutia-se com o chéf e o chefe de sala as idiosincrasias da mafia chinesa (calma, calma, juro que há uma ligação) e a minha irmã debita entre cabeças acenando afirmativamente que os chineses não são muito afectivos com as suas crianças e que estas precisam de muito mimo e atenção. Eu por começar a temer o vinho que me subia à cabeça fiquei caladinha mas pensei muitas coisas!... e das mais decentes foi que faz falta um livro sobre como os povos se vêem e como olham o resto do mundo porque no final do dia é tudo muito relativo. Por esta hora deve estar a minha amiga Ana (que nos nossos dias do secundário dizia sempre que podia "isso é tudo muito relativo!") a caminho do hospital para a sua cesariana, em breve teremos um belo espécime latino de nome Bernardo e meu deus como aquelas bochechas serão apertadas na altura certa...

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