domingo, janeiro 21, 2007

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"Indecisos uni-vos

- Olá, chamo-me Pedro, sou indeciso.
No dia em que houver a primeira reunião dos indecisos anónimos contem comigo. Eu sei que está para breve. Se escrevo sobre este tema numa semana de caos na Palestina, caos na União Europeia, caos em Ana Gomes, é porque há milhões aí fora que padecem da sindroma. Somos indecisos. Temos problemas com a escolha. Vivemos num imenso quotidiano de pânico. Para nós qualquer decisão fútil e irrelevante é um inferno. O juízo final. “Liberdade para escolher” do falecido economista Milton Friedman é um livro que não nos importaríamos de proibir. “Liberdade para escolher” é uma contradição nos termos. Se há liberdade não é para escolher. Se há liberdade é para não escolher. A escolha, como é óbvio, suprime a liberdade. Num restaurante, estamos indecisos entre pratos diferentes e quando escolhemos nunca achamos que escolhemos bem. Numa loja, estamos indecisos entre produtos diferentes e, fatalmente, costumamos arrepender-nos. Para fazer uma viagem, para contratar um electricista, para comprar a estúpida de uma estante, a nossa tragédia é sempre a mesma. Não escolhemos. Não conseguimos. Demoramos. Demoramos muito. E quando finalmente escolhemos, depois de larga hesitação e angústia, o processo de escolha nunca está concluído. A seguir à escolha vem a revisão da escolha, o passado alternativo, o verbo condicional. ‘Podia’, ‘talvez tivesse sido melhor’, ‘foi um erro’. As fórmulas são várias. Só porque escolhe, o indeciso não deixa de ser indeciso.

Eu sou um indeciso e gostava humildemente, publicamente, de reconhecer que tenho um problema. Nós, os indecisos, temos problemas. Somos doentes. Somos guterristas. Precisamos de cura, de tratamento mas também de tolerância e de compaixão. Queremos ser compreendidos. Merecemos ser compreendidos. Ao contrário do que dizem os simplistas, o nosso suplício não está em não saber o que queremos. Não somos fracos. Sabemos o que queremos. Só que queremos tudo. Somos de um perfeccionismo, de um imperialismo, de uma arrogância sem limites. Alguém, por favor, que nos ensine o sentido das proporções."

Texto tirado do blog vício de forma.

1 Comentários:

Às 10:53 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

Foi exactamente por isso que criei o blog intitulado de "indecisos anónimos. Se quiseres visitar e dar o teu testemunho... http://indecisosanonimos.blogspot.com/

Boas decisões!

 

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