O canto do Minotauro

Ontem a Ariane disse-me que estava a ir pelo caminho mais longo quando vinha para casa (algo que já não é novidade mas isso é outra história) então ao sair do trabalho, decidi mudar. Assim, sem demoras ou grandes hesitações, porque isto é sempre a andar, sempre p'ra frente!.

O meu trabalho fica perto da estação Arts-Loi/Kuntz-Wet e para ir para casa costumava ir até de Brouckere e de lá apanhar o eléctrico 55. Contudo se for noutra direcção e sair em Porte de Hal/Halleport poupo uns bons 10/15m (mas continuo a apanhar o 55). O pormenor engraçado é que Arts/Loi tem cerca de 5 linhas de metro. Após ler todas as indicações entre empurrões típicos da hora de ponta encontrei a linha que me levaria até Porte de Hal. Wheeeeee. Desci as escadas, virei à direita, depois à esquerda e subi outras escadas até chegar à linha certa. O cais estava cheio de gente. Eu estava a ouvir:

"A carga pronta metida nos contentores

Adeus ò meus amores que me vou para outro mundo

É uma história que se faz, o passado foi lá atrás

No voo nocturno um cargueiro espacial

Não vou nada mal p’ra onde vou o espaço fundo" ...

A temida voz fala com os passageiros. Estou, naturalmente, a referir-me àquela voz melosa e lenta da funcionária de qualquer transporte público de qualquer país que nos anuncia sempre algo que nos faz soprar, suspirar, encolher os ombros ou os três simultaneamente. (Só me apercebi de que havia uma mensagem quando reparei no comportamento das pessoas.) Houve um "acidente técnico", não sabiam dizer quanto tempo esperaríamos... Ri-me e desci as escadas, virei à direita, depois à esquerda e subi as escadas para a outra linha do metro. Esperei 10m. Cheguei a De Brouckere e esperei 30m pelo 55. Mal tinha espaço para picar o bilhete e tinha a certeza de que toda a gente à minha volta estava a ouvir a minha música. Cheguei a casa 1h mais tarde do que o costume.

Moral da história? Não dar ouvidos a irmãs mais velhas. Nunca.