sexta-feira, outubro 31, 2008

halloween bruxelense

Ontem nevou na periferia de Bruxelas. Não vi no telejornal, ninguém me contou, simplesmente olhei pela janela no dia trinta de OUTUBRO e vi neve a cair. Eram flocos gordos e largos. Caíram tantos que quase deixei de ver o prédio do outro lado da rua. Estamos em Outubro e ao chegar a casa fui buscar o meu casaco de inverno. Hoje no dia de Halloween nenhuma criança sairá à rua de traje, disfarçada, com um saco de papel à espera de chocolates belgas e um sorriso entre as bochechas... Os poucos que saem - vão à até à casa dos vizinhos, dos amigos dos pais - terão de abrir os casacos felpudos, tirar as luvas e o chapéu para mostrarem aos adultos entorpecidos a roupa de homem-aranha, de Harry Potter etc Por baixo do meu casaco enorme, das minhas luvas e do meu chapéu está uma portuguesa lixada com o frio.

Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.Praia.
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Praia.

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Perguntas para o fim de semana

"Cada vez que ouvem Santana Lopes acusar o ex-Presidente da República de ser o principal responsável pela queda do seu Governo, também pensam: "Obrigado, Dr. Sampaio"?"

"Também controlam o número de produtos que os clientes à vossa frente nas caixas "até 15 unidades" trazem no cesto?"

"Existe algum limite para o número de palavrões que podemos dizer enquanto tentamos barrar manteiga dura em pão de forma?"

"Percebemos que está sempre a dar a mesma coisa na Televisão quando saímos de casa com Cavaco Silva a discursar e regressamos no momento em que está a acabar "A Múmia"?"

"O inferno existe e é no IKEA aos domingos?"

"Tudo na vida evolui excepto o teletexto?"

"Quando estamos na fila para pagar e o funcionário da caixa ao lado pergunta "Quem está a seguir?", porque é que a primeira pessoa a ser atendida nunca é quem está a seguir?"

"Em que raio de pessoa me tornei eu, que olho para os estudantes fazerem as mesmas figuras que eu fazia há 10 anos, e acho tudo aquilo perfeitamente idiota?"

"Afinal para que passei eu dias preciosos da minha infância a decorar que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos?"

Perguntar não ofende.

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quinta-feira, outubro 30, 2008

Morde a língua - traduções directas

Apesar de trabalhar em francês e inglês e falar inglês em casa, o meu cérebro ainda acha que é português, ora vejam o que ando a dizer - gostaria de salientar que isto foram coisas saídas de conversas animadas, sou perfeitamente capaz de traduzir melhor:

That's how Germany lost the war!

You dont put a spoon between a husband and a wife...

Piece by piece the chicken gets full.

You're just throwing green fruits to see if the tree gives you a good one.

Uma que eu ouvi e que ainda repito entre risinhos (não melhora com a idade) é de um senhor flamengo meio maluco. Depois de lhe ter feito uma cara confusa explicou-me que a ideia é que eu não teria ganha-pão. Depois da explicação tive um ataque de riso que acabou com a conversa. Depois ainda dizem que eu não sou sociável. A frase deve soar muito bem em neerlandês mas tal como as minhas frases anteriores dita assim só se arrisca a causar confusão. Imaginem-me a explicar que queria viajar e que para isso estava disposta a gastar as minhas economias... Ao que o senhor responde:

Olha que não vais fazer sandes.

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quarta-feira, outubro 29, 2008

A eficiência Jeová

Há dias além da publicidade habitual tinha um envelope sem remetente com um enigmático S. Barbara Rodrigues. Confirmei que era má pessoa porque imediatamente olhei em volta à procura de suspeitos. Se a Maggie ainda cá estivesse nem teria aberto com medo de uma carta-bomba. Enquanto abria a porta fui abrindo o envelope, quase certa que era coisa da Leen. Fechei a porta e tirei um panfleto colorido d' As testemunhas de Jeová em português.

Vou voltar a explicar. Eu recebi em Bruxelas - cujas línguas oficiais são o francês e o neerlandês - um panfleto religioso das testemunhas de Jeová em português de Portugal. Os mesmos panfletos que me faziam atravessar a rua quando os via na mão de uma velhinha sorridente (outro sinal de alarme).

Depois do ataque de riso que tive nas escadas (não acho que tenha sido coincidência ouvir alguém a trancar a porta) tentei adivinhar o sistema do distribuidor. Será que tem uma amostra em cada língua? Vê o "s" em vez de um "z" então mete um em português em vez de espanhol? E por que não português do Brazil? Conhecem as estatísticas demográficas de cada freguesia? Ou cada zona tem uma pessoa responsável pela divulgação religiosa como no Masters of Atlantis ? No meu prédio há portugueses (não sou a única), alemães, belgas, iranianos e uma outra nacionalidade que ainda não identifiquei, será que cada recebeu um panfleto na língua materna? Será que há um Hélder à espera para ser convidado a entrar só cinco minutos?

Há coisas que não me deixam dormir.

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terça-feira, outubro 28, 2008

For the Bible tells me so

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segunda-feira, outubro 27, 2008

Descobertas

Descobri blogues/sites novos, partilho cheia de amor:

Soul sides. - Um audioblog dedicado à música soul e r&b. Belas surpresas.

Mozart - Archiv - Arquivo (audio) completo da música de Mozart. O site é um pouco confuso e está maiortariamente em alemão e inglês mas não é de navegação impossível.

Bookbrunch - ideal para não ficarem atrás das novidades editoriais, livrescas e afins. Há um blog e notícias para além do site principal.

BiblioFilmes - muitos trailers para livros.

Papel en blanco - blogue em castelhano sobre as novidades e notícias livrescas. Em relação à literatura espanhola e latino-americana está bem actualizado.

Pó dos livros - blogue da livraria pó dos livros (que infelizmente abriu depois de ter emigrado), quem não conhece dou uma pista: Bulhosa... Tem citações de livros para abrir o apetite, se nunca sabem o que ler podem ir espreitando o blogue.

Em breve juntar-se-ão à minha família de links. Sugerem mais alguma coisa?

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domingo, outubro 26, 2008

Tatuagens literárias I

Le petit prince. (são duas pessoas diferentes, já agora). Daqui.

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sábado, outubro 25, 2008

O fim de um livro

Normalmente mataria quem me revelasse o fim de um livro ou conto mas há algum tempo a American Book Review decidiu fazer uma lista das melhoras frases finais de livros. Nada como listas destas para vermos o mundão de livros que ainda não lemos, ou há quanto tempo lemos este ou aquele. Um dos livros já nem me lembrava de ter lido, que desgraça...

Alguns exemplos:

3. So we beat on, boats against the current, borne back ceaselessly into the past. –F. Scott Fitzgerald, The Great Gatsby (1925)

37. P.S. Sorry I forgot to give you the mayonnaise. –Richard Brautigan, Trout Fishing in America (1967)

40. Oedipa settled back, to await the crying of lot 49. –Thomas Pynchon, The Crying of Lot 49 (1965)

45. Are there any questions? –Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale (1986)

A lista aqui.

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sexta-feira, outubro 24, 2008

Da minha colecção para a vossa

Quase que criei uma lista de músicos que cometeram a infelicidade de morrerem antes dos trinta mas quando me apercebi da quantidade de estúpidos que há no mundo da música, mudei de ideias. E isto só músicos que eu admiro ou respeito. Portanto, fiquei com estas musiquinhas para o fim de semana e aproveitem.

Bryn Christopher - The quest. Descobri esta canção no episódio da série Grey's Anatomy. Lamento confessar que à primeira escuta pensei tratar-se a voz de uma mulher...

Emiliana Torrini - Big jumps. Música pop, alegre e que resulta muito bem de manhã (se acordarem maldispostos não recomendo). Também descobri num episódio Grey's...

Patrick & Eugene - Birds and the bees. Acho que isto tudo foi no mesmo episódio da Grey's Anatomy. Não faço de propósito.

Elliott Smith - Angeles. Pouco conhecido infelizmente mas talentoso. Muitos definem-no como um guitarrista de voz rouca, suave e triste.

Jully Black - Seven day fool. Recomendação de uma canadiana online. Muito melhor do que a Beyonce mas nunca venderá tanto como a americana.

Cat Stevens - Trouble. Um dos talentos mais ignorados pela minha geração. Como é que o Elton John vende o que vende e o Cat é apenas para os seguidores obscuros? Esta música faz parte da banda sonora do filme Harold & Maude.

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quinta-feira, outubro 23, 2008

intermitências

Peço desculpa por mais este interregno, passei demasiado tempo em frente ao computador e estou à rasca do ombro. Volto para a semana. Deixo-vos com a crítica do James Wood ao livro Intermitências da Morte de José Saramago.

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segunda-feira, outubro 20, 2008

Os livros da viagem

Como já aqui mencionei tenho por tradição comprar um livro em cada país que visito, posso até comprar mais mas normalmente compro um de um escritor local. Desta minha estadia na Índia e curta visita a Helsinki comprei os seguintes: A fine balance de Rohinton Mistry. Ainda não comecei, só sei que a acção passa-se no fim dos anos 70 em Mumbai. The god of small things de Arundhati Roy. Estou a meio. Conta a história de uma família do sul cujos gémeos foram separados e cresceram em partes diferentes do país, há muitos inuendos políticos e sociais. O princípio não foi dos melhores. Moominsummer Madness de Tove Jansson. Um de uma série longa de livros para crianças da escritora e cartonista finlandesa que relata aventuras várias dos Moomins. Os Moomins fisicamente são um misto de hamsters e hipopótamos; são super adoráveis. Tenho pena de não ter trazido mais, além de fofos enfrentam as adversidades e coisas novas com uma calma de espírito e de mente invejável.

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domingo, outubro 19, 2008

Índia XIV: o regresso a Helsinki e ao frio

Por mais que me digam "frio" até voltarem da Índia com 35 graus à meia-noite e chegarem à Finlândia com 4 graus, vou assumir que não sabem do que tão a falar. Devido à nossa experiência anterior com o frio em Helsinki fizemos algo que nunca nos tinha passado pela cabeça, roubamos o cobertor que a Finnair nos tinha fornecido no vôo. Andamos uma manhã e uma tarde por uma das capitais mais cosmopolitas da Europa com um cobertor no corpo. Eu tentei ao máximo fazer com que parecesse um xaile ou poncho mas a Maggie recebeu uns olhares interessantes. Enfim, nem interessa posso garantir-vos que fez toda a diferença porque mesmo assim estávamos cheias de frio.

A estação de comboios.
O teatro nacional.
Nós com os cobertores roubados. Nem imagino a minha constipação sem este cobertor fofinho.
Praça de gente cheia de frio. A igreja ex-libris de Helsinki.
Uma igreja ortodoxa.
Todos os lagos e acessos ao rio ajudam ao frio.
Um detalhe curioso...

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sábado, outubro 18, 2008

Índia XIII: o último dia em Delhi

Tenho a sensação que vão lamentar mais do que eu mas é verdade que o relato está a chegar ao fim.

No último dia ficamos um pouco na zona do hotel, já estávamos num hotel mais barato e localizado no centro da confusão. Digo no Main Bazar, perto da estação de comboios. Entre mim e a rua havia apenas uma porta de madeira com trinta trancas, tive o privilégio de respirar o ar produzido por um parque de estacionamento de motas e de ouvir a conversa de muita gente. O hotel/pousada parecia simpático, o pessoal já mais habituado a estrangeiros e tinham montes de livros cheios de pó por todo o lado. Perfeito, certo? Eu também achei até estar a tomar banho (água quente!!) e a Maggie ter visto um rato a passar todo descontraído. À tarde (sim, trancamos bem as malas antes de sairmos) saímos com o senhor Singh e vimos uma procissão da religião Jain. Lamento não poder explicar o significado do homem-pavão só sei que um colega apontou na minha direcção quando estava a tirar esta foto e o homem-pavão veio a correr na minha direcção e além de me dar um valente pisão abanou-se todo à minha frente. Como podem ver pelas fotos há os que participam na procissão, os que param para ver e os que não ligam a mínima e avançam a pé, de rickshaw, de moto... Depois o Sr. Singh levou-nos à casa museu Gandhi e à casa museu Indira Gandhi. Aquele país tem demasiados assassinatos políticos para meu gosto. De seguida fomos a um jardim super calmo e com mesquitas antigas. Um indiano começou a tentar fazer dinheiro connosco e aposto que até hoje está a tentar perceber como fugimos. Foi cada uma para um lado do edifício e entramos por uma janela...

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Peço desculpa pela pausa mas tive uma hóspede cá em casa e tive de fazer de guia turística

terça-feira, outubro 14, 2008

Índia XII: O templo que eu quase esqueci

Não foi falta de memória, é que neste templo não são permitidas fotos nenhumas, tenho duas do parque de estacionamento. Nenhuma foto faz justiça a esta imensidão de templo e aos detalhes todos. Eu comprei um livro de fotografias do templo e como não me é possível mostrá-lo recomendo que passem no site de onde tirei as duas fotos que aqui vêem: http://www.akshardham.com O templo, que fica na periferia de Delhi, foi construído há cinco ou seis anos e nem vinha mencionado no meu guia, foi o nosso querido condutor que nos indicou. É um templo hindu preparado para receber milhões. Recomendo a visita mas não brinquem com os seguranças. A Maggie teve de beber água para provar que não era um ácido ou uma bomba qualquer e eu tive de usar o repelente de mosquitos(pelo mesmo motivo). Enquanto íamos trocando impressões sobre as mãozinhas de seda das seguranças indianas vimos homens com metralhadoras. Existem dezenas de voluntários prontos a relembrar as pessoas onde se podem ou não se sentar e não é permitido falar dentro do templo. Considerando que é enorme e considerando o barulho das conchas num templo semi-vazio estou completamente de acordo.

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segunda-feira, outubro 13, 2008

Índia XI: os templos de Delhi parte III

Para quem está espantado com a quantidade de posts intitulados "templos de Delhi" posso só dizer que este é o último e que havia mais templos, muitos mais mas mais pequenos. É normal haver "mini-templos" em cada bairro. A religião é realmente um dos pilares da Índia, seguido da família. A foto acima é do interior de um tuk tuk. O meu companheiro de viagem foi um americano chamado Dave, que já estava na Índia há dois meses. Anda a dar a volta ao mundo de moto mas sem prazos, quando gosta fica, quando tem frio vai para outro sítio etc. Tinha ouvido falar sobre o templo lotus num café ou num restaurante, já não sei. Mas a curiosidade foi muita. Devido a alguma confusão na tradução até chegar ao templo pensei que ia visitar um templo budista. Logo à chegada apercebi-me que não mas não consegui perceber a que religião pertencia o templo. Felizmente havia muitos voluntários com brochuras. Era da religião Bahái. A brochura até era simpática, oferecia dados sobre a religião e sobre o edifício, mencionava serem contra as diferenças entre ricos e pobres, lutarem pelos direitos humanos e exigirem obediência total ao governo de cada um. Sou só eu que vejo a ironia? Do templo Bahái vê-se a torre do templo Iskcom. Eu já tinha visto o templo no meu guia mas também não sabia que religião era . Fui lá espreitar e mais uma vez passei pelo detector de metais, desta feita havia uma indiana obesa de uniforme sentada numa cadeira a revistar as senhoras que entravam (lembrem-se que há uma mulher que revista as mulheres e um homem que revista os homens). A senhora nem se levantou, ia revistando toda a gente na sua cadeirinha. Voltei a sentir-me usada e continuo a achar que (mesmo com a minha mentalidade aberta) algumas mulheres não me revistaram, aproveitaram-se de mim. Enquanto ajustava a roupa interior depois da revista da senhora obesa reparamos num poster que anunciava um espectáculo de luz, laser e robots. Senti-me logo em casa. Infelizmente o espectáculo era caro e o Dave tem uma regra estrita de não dar dinheiro a religiões. Nos primeiros 10m o templo ainda estava fechado. Vou tentar explicar bem o que se passou depois de abrirem as portas: A maioria dos indianos sentou-se no chão, eu fui dando voltas reclamando que não se pode tirar fotos no interior dos templos até que vi indianos a tirarem fotos. Mal comecei a tirar fotos uma das portas douradas abre-se e sai um monge(?) careca e com uma trancinha que - JURO - sopra para uma concha. Olhei para a outra porta (maior) e também lá estava um monge a soprar uma concha. Dois seguranças começam a obrigar as pessoas a levantarem-se. Um deles foi quase empurrado. Tive um momento de esperteza rara e não tirei fotos ao segurança. O barulho de duas conchas dentro de um edifício semi-vazio é muito interessante. Depois das conchas afastam o cortinado e revelam altares dourados. Entretanto um terceiro monge sub-reptício estava sentado no chão no meio do templo e estava a tocar intrumentos e a cantar. Não se percebia bem o que dizia mas era muito calmo e lento. Durante o resto da cerimónia os monges abanaram um leque enorme aos deuses no altar. Num dos momentos em que estava a tirar fotos ao altar senti alguém a olhar por cima do ombro. Quando me virei para trás tinha cerca de doze rapazes entre os 8 e os 10 anos. Um fez-me sinal para tirar um foto na horizontal e não na diagonal como tinha tirado. Sorri e obedeci. Mostrei-lhes a foto e aprovaram. De repente o mais pequeno sorriu de orelha a orelha e fez sinal para lhes tirar uma foto a todos. Sorri e obedeci. Ficaram tão malucos mas tão malucos, que empurravam-se uns aos outros e apertavam-se para caberem todos no mesmo espacinho. Estavam tão irrequietos que a primeira foto ficou assim. Pedi-lhes para ficarem quietos e obedeceram sorrindo, contudo acho que a foto original mostra mais o espírito do momento. Enquanto íamos rindo uma segurança com o pior hálito de sempre veio brigar comigo por estar a tirar fotos e basicamente estar na galhofa. Fomos expulsos do templo de uma forma educada. Os miúdos depois quiseram - TODOS - apertar-nos a mão. Excelente.

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domingo, outubro 12, 2008

Índia X: Os templos de Delhi parte II

O templo Lakshmi - Birla Mandir - em New Delhi foi provavelmente a melhor surpresa de Delhi. Uma senhora de Tamil Nadu (no sul) recomendou-me a visita assim como o nosso condutor mas mesmo com essas duas recomendações não estava à espera de um sítio tão bonito e tão grande. Deve ter sido o local onde tirei mais fotos durante as duas semanas. O interior é absolutamente incrível mas devido às ondas terroristas recentes máquinas fotográficas e telemovéis não são permitidos. Há referências ao Budismo, ao Sikhismo e a outras religiões confirmando a reputação Hindu de tolerância e abertura. Se visitarem Delhi tirem uma tarde ou mais só para este templo, o jardim é enorme e uma experiência fantástica.

Dei cabo do pescoço ao tentar ver todos os detalhes.
Elefantes à entrada do templo é um must.
Aproveitei para tirar uma foto com o único elefante que não cheirava mal e que não tinha vendedores por perto.
O nível do trabalho, das esculpturas, azulejos e pinturas é impressionante. O parque é grande o suficiente para passear e tirar fotos, para nos sentarmos à sombra de uma árvore e para as crianças brincarem. A parte das alegorias já é mais difícil de seguir se não conhecermos a história e mitologia idiosincrática da religião. Lá fui perguntando o mais que pude mas estou a ver-me a comprar um livro sobre as religiões na Índia em breve.
Um detalhe entre muitos.
E depois há esta parte que eu cada vez mais acho que são especiais para as crianças. A parte final do parque - mais uma vez sem querer faltar ao respeito - parece saída de um parque de diversões, se calhar é algo que nos escapou pelo caminho: como as religiões não precisam de ser sérias e cinzentas para serem levadas a sério. Os indianos dão muita importância à família, se calhar faz muito sentido haver uma secção dedicada a entreter os petizes em vez de os ter a chorar e a fazer birras enquanto tentamos orar.

Depois desta bela visita fomos almoçar à casa do nosso condutor Sr. Singh, não sei se já aqui mencionei que se não fosse por este senhor teríamos detestado a Índia completamente e teríamos perdido muito mais dinheiro. Eu fiquei com o contacto dele se por acaso forem à Índia digam e eu passo os dados (fomos com ele a Jaipur, Agra, Fatehpur Sikri e foi um excelente guia para Delhi que tentou perceber que tipo coisas queríamos e esperou por nós com um sorriso, (levou-nos a sítios lindíssimos não mencionados no guia!)). A comida estava deliciosa, já agora. Apenas uma parte estava picante e eu como boa menina, tossi mas comi!

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sábado, outubro 11, 2008

Índia X: Os templos de Delhi parte I

Apesar de New Delhi não se comparar a Jaipur ou a outras pequenas partes da Índia posso afirmar sem hesitações que os templos de Delhi são absolutamente incrivéis. Uma das coisas que não nos apercebemos na Europa é a quantidade de religiões e a quantidade de fiéis no país. Enquanto na Europa aumenta o número de não-praticantes e de ateus, na Índia são raros. Mesmo uma religião menos conhecida como a Bai'Hai tem milhões de seguidores e bem, desculpem-me a franqueza, muito dinheiro para gastar. Outra coisa espantosa é o facto de famílias ricas doarem fortunas para a renovação dos templos ou para a construcção de templos novos mas o número de pobres a viver na rua continua a crescer... As duas piratas em frente ao templo. Este é o templo Sikh principal de Delhi. É muito maior do que as fotos mostram. Três vezes ao dia, todos os dias do ano é oferecida uma refeição a quem se dirija à cantina (massiva, claro) independentemente da religião, basta irem para a fila. Os Sikh tradicionais não cortam o cabelo ou a barba e para entrar no templo é preciso tapar o topo da cabeça (há lenços à disposição). Há cânticos ao vivo desde as 4h30 da manhã até às 22h, os músicos são substituídos a cada hora ou a cada duas horas. Tenho pena de não poder partilhar a música convosco, é lindíssimo e muito longe do estereótipo de música indiana. Todo este lago imenso é água sagrada, foi muito difícil achar um canto sem pessoas a banhos por assim dizer, achei que seria uma invasão de privacidade tirar-lhe fotos durante uma cerimónia religiosa e enquanto se limpam dos seus pecados. Dar uma volta a toda esta praça dá sorte, eu só soube depois e como dei duas voltas tenho expectativas muito altas. A bandeira é um dos grandes exponentes da religião Sikh e muitos circulam a bandeira balbuciando algo. A bandeira ou poste mostram o símbolo da religião Sikh (não dá para ver bem na foto, eu sei) e coloca-se mais alto do que o templo para que todos possam saber (mesmo de longe) onde podem ir rezar. O meu hotel também devia ter algo assim para nos poupar horas de passeio. Tivemos uma experiência lindíssima neste templo, desde o facto de poucos olharem para nós, da música, da calma, até começamos a gostar de Delhi e tudo!

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sexta-feira, outubro 10, 2008

Índia IX: Regresso a Delhi

Desde que cheguei que tenho tentado explicar a Índia, os indianos, a confusão, as diferenças culturais, sociais, o choque das minhas expectativas, o trânsito, os mil e um cheiros (alguns tão maus que até indianos tapavam o nariz e a boca) mas não sei se a mensagem está a passar. As três fotos seguintes foram tiradas quase de seguida, não são das minhas fotos preferidas nem das mais artísticas mas na minha opinião mostram a vida de uma rua típica indiana.
Um dos grandes choques é a quantidade de gente, cresci a ouvir que a Índia tinha muita gente mas só ao andarmos naquelas ruas, naquele metro , naquele trânsito é que temos noção da loucura que são aqueles biliões. Uma cidade pequena para os indianos tem mais pessoas que o nosso país todo. Agora percebo perfeitamente por que razão o famoso pontapé do Mao Tse Tung meteu medo e por que é que os ambientalistas falam em controlo populacional. Enquanto estava a tirar fotos a Maggie guardou as mochilas e não soube se estavam simplesmente a querer ultrapassá-la numa rua pequena, apalpá-la ou tentar chegar à mochila. Ao mesmo tempo tive vários vendedores atraídos pela minha máquina fotográfica e um deles pisou-me o pé.Por duas vezes fiquei muito agradecida aos meus reflexos. Os motoqueiros estão-se verdadeiramente nas tintas. Da primeira vez quase que rasguei a roupa da Maggie ao desviar-me dum retrovisor e da segunda levantei o pé mesmo antes de uma roda passar por cima. Living la vida loca...
O templo (bem, um de muitos) de Hanuman. Passei em frente a este templo quase diariamente. Era a nossa referência para os condutores de rickshaw, se bem que um deles estava a ir na direcção errada e avançou bem até eu (tava no paleio) reparar- mania de não dizerem que não sabem.
Tem o tamanho de um edíficio mas o interior é como uma capelinha.
E tem uma cauda muita gira!
Já agora, nem todas as vacas são sagradas e a maioria não entende português.

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