quinta-feira, novembro 30, 2006

Alarmistas

Primeiro o meu chefe (cuja secretária está à minha frente)levanta-se e pede-me para o acompanhar numa reunião privada com a manager do departamento. Isso nunca acontece. Imediatamente pensei que tinha feito uma asneira maior do que qualquer buraco que pudesse cavar. Mas afinal era só para me dizerem que tinham reparado que era a novata com menos treino do grupo devido à falta de pessoal e que iam tentar ajudar-me mais.

Depois o meu senhorio telefona-me a dizer que a polícia andou à minha procura. E diz a frase assim, como se o café estivesse quente. Mas não era nada de mais, faz parte do sistema belga para verificar se as pessoas moram efectivamente onde dizem (há dias fui inscrever-me na câmara).

Tenho de aprender a dizer em francês: "seus alarmistas duma figa, há antecedentes de problemas cardíacos na família!"

Pergunta sem resposta (?) Pt 1

Afinal o que é viajar, conhecer um país, uma cultura? É uma pergunta "multifurcada" a meu ver.

Já viajei com pessoas que achavam que realizar o sonho de ir à Rússia era fazer uma maratona de máquina fotográfica, lembram-se da corrida aos carimbos no passaporte da Expo 98? Ponham a imagem em fast forward - como nos Monty Python - e garanto-vos que era pior que isso e que não teve piada. Felizmente em São Petersburgo fiquei com outro grupo e pude andar com três russos. Claro que tive consequências incrivelmente estranhas mas isso é outra história. Para mim foi o exemplo perfeito de como não viajar. Admito que vi menos estátuas que eles mas sei muito mais sobre São Petersburgo e como as pessoas vivem, o que acham do resto da Europa e do seu país, o que comem, que piadas os divertem (não percebi a maioria mas felizmente havia humor cáustico), sei que andam muito depressa quando dizem que temos tempo e que quando dizem que não é longe andamos mais de três horas... Sei que beber uma cerveja às três da manhã durante as noites brancas à beira rio quando as pontes ainda estão a levantar-se é quase o equivalente à minha bejeca com tremoços. Se isto é verdade para todos os russos? Claro que não. Mas, hey, eu tenho amigos que não gostam de cerveja e que julgam que eu não reparo quando estão a gamar-me os tremoços.

"Let's waste time
Chasing cars"

Adorava conseguir explicar o meu conceito de viajar. De conhecer outro país. De integração. Mas são tantas coisas: Andar. Comer. Ver. Ouvir. Parar. Cheirar. É apanhar dois metros e um eléctrico e apanhar três acordeonistas diferentes. É ouvir com estranheza mas com respeito. É ter um arrepio - como os letões a quem contei a história de Pedro e Inês seguido da descrição da capela dos ossos em Évora - mas querer saber o fim da história. É descobrir que afinal somos capazes de sair da sauna de fato de banho e correr na neve quando estão menos trinta graus. É fazer perguntas, muitas perguntas. É o momento raro em que a rua fica deserta de repente durante 15 segundos e o vento atira na nossa direcção redemoinhos de folhinhas amarelas sem que uma única nos toque, dançam apenas à nossa volta num misto de provocação e fuga. É absorver. É conhecermo-nos no processo, no meio das mudanças. E muito mais.

"Everything
On our own"

Às vezes é como andar para trás e para a frente num metro cheio de gente mas sermos os únicos passageiros da carruagem.

"Before we get too old
Show me a garden that's bursting into life"

*Citações da música "chasing cars" dos Snow Patrol,

quarta-feira, novembro 29, 2006

Respingo de humor

Para não dizerem que não sabemos rir de nós mesmos (mas alguém acha mesmo isso após 30 anos??):

"Na véspera da sua noite de núpcias, o jovem noivo madeirense escuta os últimos conselhos do pai:

- Filho, quando entrares no quarto pegas na mulher nos teus braços, porque um madeirense é FORTE! Depois, atira-la para cima da cama, porque um madeirense é ORGULHOSO! Depois pões-te todo nu, porque um madeirense é BONITO!

No dia seguinte à noite de núpcias, o pai pergunta como é que as coisas se tinham passado:

- Fiz como disseste pai, peguei-a nos meus braços para a levar para o quarto, porque um madeirense é FORTE! Depois, atirei-a para a cama,porque um madeirense é ORGULHOSO! Depois, despi-me completamente,porque um madeirense é BONITO!

- E depois?

- Depois, bem, depois bati uma sozinho porque um madeirense é INDEPENDENTE e AUTÓNOMO!"

(bigada Leo!)

26 anos depois, (o desfecho?)

Hein??

Caem como árvores na Amazónia...

Perdemos mais um excelente actor. Philippe Noiret. O nome não vos diz nada? E se eu disser Cinema Paraíso? Um dos melhores e enternecedores filmes de sempre, daqueles para se levar para uma ilha deserta e citar frases à volta da fogueira. O senhor fez quase 150 filmes mas ficou para sempre marcado na memória colectiva como o sábio, terno e cómico Alfredo. Com este pequeno momento de revivalismo apetece-me rever o filme; infelizmente deixei-o em Lisboa. Não sei o suficiente sobre a carreira de Philippe Noiret para a devida homenagem. Recomendo (re)verem o Cinema paraíso (e O carteiro de Pablo Neruda.) Haverá homenagem maior para um actor do que estar na memória e corações de milhões ad infinitum?

Foi difícil acordar esta manhã

terça-feira, novembro 28, 2006

(ainda) Uma vela atrasada mas sentida

Em vez de escrever parvoíces sobre o grande Robert Altman devia ter era ter usado uma homenagem (último minuto) já feita. (Podem apenas ver a introdução original.)

O teste - o verdadeiro.

Sabem como é que se sabe se o queijo é mesmo bom? Se é mesmo daqueles verdadeiros, à antiga, deixado a arejar na mesa da cozinha da avó com moscas a voar pelo quintal?

É muito simples. Primeiro esquecem o queijo, por exemplo, -e este exemplo ocorre-me assim do nada, fruto da minha imaginação, sem qualquer ligação a acontecimentos reais- um queijo Feta, no frigorífico. Digamos, mais uma vez apenas para exemplificar, umas duas semanas ou mais. Como o queijo é branco parece que está tudo bem quando espreitam mas um dia decidem abrir a caixa... E aí têm o vosso teste. O verdadeiro teste.

Se o cheiro for tão forte que nem dois sacos do lixo vos safam, se o arrepio causado pela surpresa vos expulsar da cozinha então já sabem que estão a lidar com um queijo verdadeiro.

Experimentem e depois digam-me qualquer coisa. Nem precisa de ser com um Feta, foi só um exemplo.

É oficial - lembraram-se de tudo!

Ao que parece há mais formas de salvar o mundo do que julgava. Os defensores da "consciência global" tiveram uma ideia no mínimo curiosa para defender a paz e, naturalmente, a consciência global. A ideia é que toda a gente tenha um orgasmo ao mesmo tempo e desta forma tentar alterar a energia do planeta. Na verdade, acho que é mais para alterar a energia da administração norte-americana mas logo veremos. O site tem também um pequeno vídeo a explicar a ideia(há um ligeiro atraso na imagem, terão de associar o som à imagem anterior na maior parte do vídeo). O motivo é louvável, claro, a ideia é original q.b. mas -não sei, digo eu- parece-me que é mais uma boa desculpa do que outra coisa. Contudo se conseguir despertar atenção dos media e/ou de mais um punhado de gente...

Então já sabem, dia 22 de Dezembro! Está quase!

segunda-feira, novembro 27, 2006

A polémica.

Eu nunca fui grande fã da saga Starwars.

Mas eu agora só escrevo obituários?

Agradecia que as pessoas cuja obra admiro, invejo ou venero parassem de morrer. Ou os bons artistas em geral, apesar de admitir que há muito boa gente cujo talento não me fascina de modo algum.

Ainda no sábado lidei com a morte do Robert Altman e agora foi o Mário Cesariny? Não vamos começar uma moda, pois não? Não me agrada a forma como isto tudo sugere o Death and the Penguin.

Lamento fazer parte da minoria que o preferia como pintor a poeta mas gostos não se discutem. Admito também que não fui nem sou grande apreciadora deste artista mas acho que Portugal precisa sempre e de mais pessoas que remem contra a maré, que sejam considerados estranhos e excêntricos, que sejam ao mesmo tempo motivo de chacota e de orgulho. Ocorre-me o nosso suposto presidente da república contudo falta-me encontrar a parcela de ingénuos optimistas que sente "orgulho".

Antes que me desvie mais, fica a vela para Mário Cesariny. Pouco ou nada poderia dizer sobre Mário Cesariny porque "nada está escrito afinal."

1923-2006

"
Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco"

domingo, novembro 26, 2006

Novos tentáculos do polvo gordo

Atenção aos novos links, apesar das suas opiniões e posições controversas há que saber respeitar. Ou saber rir.

Tenho de confessar que este programa é a razão principal pela qual eu queria ter televisão em casa. Para compensar passo demasiado tempo no You tube e no novo tentáculo a ver vídeos e a rir. E a rir. Toda a gente merece o seu momento zen diário.

Há um hotel na Dinamarca com arte nos quartos. Os quartos estão divididos por tamanhos e não há nenhum igual. Eu até quero visitar a Dinamarca mas não me parece que o meu orçamento me permita...

As notícias em imagens. Descobri o programa recentemente. O 10 x10 é outra ideia interessante que quis partilhar, a explicação é dos seus autores: "Every hour, 10x10 collects the 100 words and pictures that matter most on a global scale, and presents them as a single image, taken to encapsulate that moment in time. Over the course of days, months, and years, 10x10 leaves a trail of these hourly statements which, stitched together side by side, form a continuous patchwork tapestry of human life."

Há novos blogs na secção dos vícios. Infelizmente nenhum arrisca falar publicamente na pornografia gay sueca com cabras, mas apesar disso cá estão. Porque sou benevolente. São os falta de tomates, os maricas e os medrosos, os meus novos irmãos Marx.

Na secção "leituras" aparece a revista 365. Enquanto vivi em Portugal não me cativou muito, folhei um ou dois números mas não mordi o isco. Hoje apresento três razões para o link no blog: Uma. Duas. E três.

"Kevin!!!!"

http://postsecret.blogspot.com/

Agradecimento público

Quero agradecer à Ana e à Carla por me terem enviado o "cache" do meu blog. Acordei com pouca memória e vontade de repor os links e tinha à minha espera um email todo simpático a explicar-me onde podia ver os meus links todos. Snif. Agora que está tudo bonito outra vez vou fazer uma cópia de segurança. E nunca mais ignoro os meus instintos. Obrigada, meninas!

Teste à memória

Como devem ter reparado, o blog está diferente. Pois. Houve um ligeiro incidente (que resultou estranhamente em poucos palavrões mas numa dor no mais fundo da alma) e perdi quase toda a informação. Isto porque autorizei uma mudança- sem saber que isso me ia causar a perda dos links. Estou a tentar repô-los contudo não acho que me esteja a sair bem, a memória está a falhar... Se se lembrarem de algum, por favor digam-me. Que isto sirva de lição para todos, andei que tempos a pensar que devia fazer uma cópia do blog e todas as vezes convenci-me que estava a ficar paranóica e que não ia acontecer nada.

Pedacinhos...

» Hoje à tarde fui à Fnac para comprar auscultadores para o computador. Agora já me podem ligar através do VoipBuster (que graciosamente oferece chamadas grátis para rede fixa) ou através do Skype (chamadas de um computador com Skype para outro Skype gratuitas). Ambas companhias são muito mais baratas do que as companhias tradicionais e têm serviço sms.

» Ainda na Fnac perdi-me na secção dos dvds (esta Fnac está muito mal servida de livros mas tenho já duas livrarias junto do coração) e descobri coisas engraçadas, ora vejamos:

- Existem cerca de 64 séries policiais e eu apenas achei duas interessantes, o Cold Case e o clássico Murder She Wrote.

-A série Will & Grace está em promoção, de 50 euros passou para 17,95. Deus existe.

-O Alfred Hitchcock estava na secção "comédia" com cerca de 27 filmes (alguns nem eram para rir e não tinham o The trouble with Harry).

-A edição "import" da primeira época do Prison Break custa 92 euros.

-Na secção "humor" está a categoria "gay & lesbian".

-Na secção "gay & lesbian" está a edição especial do Planeta dos Macacos.

»No eléctrico para casa não pude deixar de ouvir uma conversa entre um belga e um indonésio, toda num inglês muito peculiar. Tenho quase a certeza que o belga estava bêbado e que esteve perto de levar uns tabefes pelas piadinhas: "halá halá halá, é assim que vocês rezam? cinco vezes ao dia halá halá halá?" (isto imitando as vénias feitas pelos muçulmanos); o que eu acho que o safou do enxerto de porrada foi a seguinte troca de pérolas (o indonésio já o estava a fitar com um olhar negro):

Belga: Are you a married man?

Indonésio: No.

(silêncio)

Belga: You are not a husband man?

Indonésio: No.

Belga: That's good. That's good. Here we say a good man is a married man. Are you a bad man?

Indonésio (primeiro olha para a amiga que tentou traduzir enquanto eu mordia a bochecha para não rir): No.

Belga: You are not a bad man?? (disse-o quase em cima da cara do indonésio)

Indonésio: Batman?

(eu comecei a rir e virei a cara)

Belga (surpreso): Batman?

Indonésio: Batman or blackman?

Belga: What?

Indonésio: You said batman or blackman?

Belga: Batman? Blackman? (pára durante três segundos) Blackman?

Indonésio: Batman?

(eu e a senhora ao meu lado estávamos vermelhas com o esforço de não rir)

Belga: Who is blackman?

Indonésio: You didn't say Blackman?

Belga: No, badman.

Indonésio: Batman.

Nisto desatam os dois a rir e a repetir "blackman". A amiga tradutora ria-se também e olhava o belga com incredulidade. Tive de sair na minha paragem e a senhora ao meu lado sorriu-me cúmplice. A última coisa que ouvi foi o belga a dizer.

- Yeah, he could be a brown bad man.

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sábado, novembro 25, 2006

Uma vela atrasada mas sentida

É o que dá andar fora da realidade. Na segunda-feira morreu um mestre inconformado e irónico do cinema e eu só soube hoje. (Não fui à internet, não tenho televisão e não leio jornais há semanas. Espero voltar a mergulhar na realidade agora que tenho internet em casa, mas conto com a vossa colaboração.)

1925-2006

O cinema perdeu Robert Altman. Um realizador (e produtor, argumentista, editor, actor etc) prolífico (a sua carreira estende-se desde o final dos anos 50), por vezes inconstante mas brilhante, igual a si mesmo, cheio de charme com a resposta na ponta da língua (Sobre a sua relação com Hollywood: "We're not against each other. They sell shoes and I make gloves."). Não é que a sua morte apanhe alguém desprevenido, afinal de contas o realizador Paul Thomas Anderson (Magnolia, Punch-drunk love) esteve presente na rodagem do seu último filme A prairie home companion não fosse a saúde de Altman impedi-lo de terminar o trabalho. Mesmo assim a ideia de Altman não fazer outro filme entristece-me. Entre a sua imensa contribuição para o cinema encontramos:Alfred Hitchcock Presents;M*A*S*H; The long goodbye; Nashville; Popeye; Precious blood; Come back to the five, Jimmy Dean, Jimmy Dean; Beyond therapy; Black and blue; Kansas city; Dr T and the Women; Gosford Park; The company; Tanner on Tanner; A prairie home companion... Os seus filmes foram e são muitas vezes difíceis de resumir, de explicar, não se trata apenas do mais do que gasto "boy meets girl". É a história e a de todos os secundários envolvidos, dos sentimentos de toda essa panóplia humana, é a história e cultura da época, é crítica social, é uma pausa sobre uma árvore num jardim quando finalmente a brisa do norte sopra quente e como essa brisa pertence às personagens. E era a alma dum cineasta que não teve medo de improvisar e de abrir as asas:"What I'm looking for is occurrence, truthful human behavior. We've got a kind of road map, and we're making it up as we travel along.".

Na minha opinião o que o cinema mais perde nesta febre imparável de politicamente correcto é o humor, o sarcasmo, a ironia e a capacidade de pensar fora dos parâmetros estabelecidos pelas caixas registradoras e pelas pipocas. O seu legado é imenso. Há muito a (re)ver e a degustar como um bom vinho, com calma e um sorriso a formar-se timidamente.

"Retirement? You mean death, right?"

Gatinhos.

O clássico. Os psicopatas. Ele estava a pedi-las. Gatos e cowboys? Hehe. I'm too sexy... Sou tão fácil. Rabinhos. Patinhas. Eu podia passar horas nisto. (nem vou olhar para o relógio) Depois dos vídeos os sites até perdem piada - mas não toda. Qualquer pessoa que já teve um gato sabe que os gatos adoram lavatórios (e sacos, caixas, o espaço atrás dos armários, debaixo da cama...). Aqueles que não gostam de gatos inventam sempre mil e uma desculpas. Eu só não entendo como conseguem resistir. Não percebo.

sexta-feira, novembro 24, 2006

As perguntas irritantes, digo, frequentes. (Bastidores)

Ontem fui invadida por uma ligeira nostalgia e apercebi-me que o blog está quase a fazer um ano. Lembrei-me de muita coisa - infelizmente há algumas brancas (ahem) - e reparei que há perguntas comuns aos visitantes do blog. Bem, cá estou para ajudar. :D Não há uma ordem específica, foi como me fui lembrando. Para os clientes da casa será um pouco desnecessário mas os novatos também merecem.

- Porquê a Letónia? - Porquê a Bélgica? Bem, na altura pareceu-me uma boa ideia. A Letónia era longe o suficiente e a Bélgica é perto o suficiente.Escolhi ir para a Letónia porque queria algo diferente, toda a gente quer ir para Itália, França, Reino Unido... É quase férias em conjunto mas em alturas diferentes. Se ia passar seis meses fora então queria algo a sério, num país com uma cultura diferente e de preferência com uma língua nova para aprender. Respeito muito os voluntários que conheci que decidiram partir para Espanha, por exemplo, mas respeito muito mais a adaptação que tive de passar e o que aprendi por estar tão longe.

-O que é o SVE? Serviço de Voluntariado Europeu. O programa da União Europeia que me levou para a Letónia. Vejam sugestões e não só.

-Mas há alguma coisa na Bélgica? Claro que sim! Esqueçam a imagem chata e cinzenta, isso é a União Europeia e não a Bélgica.

-E não querias mesmo ficar em Portugal? A não ser que acontecesse algo de extraordinário. Passei dois meses na casa duma amiga a contar as moscas que engolia, um dia vi um anúncio na internet: "Menina de boas famílias precisa-se..." Não sou de boas famílias mas eles sabem lá.

-Como é que tudo começou? Para mim a parte mais interessante sempre foi quando Deus descansou. O blog começou na Letónia, pouco depois de ter chegado à cidade de Valmiera. A razão principal foi a frustração de não conseguir enviar as fotos para toda a gente (caixas de correio diferentes) e surgiu após a sugestão do meu geek favorito.

-Como é que tens tempo para o blog? Não sei o que andam a fazer mas há tempo para tudo. Admito que desesperava ao tentar pôr as fotos mas agora é um instantinho. Principalmente desde ontem quando voltei a ter internet no meu computador, já não tenho um teclado manhoso e gorduroso, pessoas a conversar ao lado, ligação lenta e outras coisas que afloram os palavrões à ponta da língua.

-Quanto tempo gastas por dia? Isso depende muito. Se for um post "normal" é só abrir a página e escrever, para os mais complicados ou compridos demoro em média uma hora, também depende se tenho de procurar fotos. Costumo andar de máquina fotográfica no bolso para os tais momentos inesperados. Qualquer que seja o país há sempre momentos estranhos.

-Como é que tens tantas ideias para o blog? Se formos a ver outros blogs enm tenho muitas. Mas de resto tenho uma cabecinha maluca, dois olhinhos, um bloco de notas e muita opinião.

-O que é o Pandora? É um site que funciona como uma rádio online com a particularidade de sermos nós a escolher o que queremos ouvir. Escolhemos um artista ou música e eles tentam ver que mais músicas somos capazes de gostar. Depois só dizemos que sim ou que não ou sugerimos mais artistas. O que mais me agrada é que posso pôr rock, jazz, country, punk etc na mesma estação.

-Porquê "fim do mundo"? Se só chegaram agora são capazes de apenas apanhar o lado metafórico e perder a piscadela de olho. O blog foi criado na Letónia, em Dezembro, numa cidade com nove estrangeiros...

-Onde é que descobres estes sites e fotos? Não ter vida própria ajuda. Atrair psicopatas também. De resto, agradeço aos meus links e "fellow bloggers".

-Tens algum sistema? Caneta e papel, normalmente. Fazer colecção de bloquinhos dá jeito. Se estiver online e vir ou ocorrer-me algo vou logo ao blog.

-O que é mais difícil na vida de emigrante? A palavra emigrante, por exemplo. Não apanhar quase piada nenhuma quando falo com alguém que esteja "na terra". Não falar português. Achar que nunca vou lá estar para os meus amigos. Saudades. A comida. As piadas sobre a vida de emigrante.

-Quando voltas? Não sei.

-Estás a gostar? Yupe.

Como podem ver a secção de links sofreu algumas alterações. Nem tinha noção da quantidade de links que tinha nos favoritos e após duas horas consegui pôr tudo em ordem, fantástico. É uma pena que não consiga tratar de tudo o resto assim. Na maioria dos casos a renovação não tem muito que se lhe diga. Para os restantes aqui fica uma breve introdução/explicação:

A maioria das publicações não necessita de explicação, o Transitions online lida "apenas" com notícias, cultura e lazer de 28 países, o que têm em comum? Serem pós-comunistas. Fui lá parar ao seguir uma série de links sobre os Bálticos. Tem Ásia, Cáucaso, Europa central e de leste... e pesquisa por país.

Descobri o Rebelión ao ler uma entrevista na Visão a Vicente Romano na ocasião do lançamento do A formação da mente submissa. É uma alternativa aos jornais tradicionais.

Reduzi a secção "Religiões", ficaram apenas os sites com visitas diárias.

Visto ter um grande interesse por fotografia, banda desenhada e outras formas de expressão visuais, achei por bem separar alguns favoritos. Prevejo que esta secção aumente mais um pouco. E visto que apresentei a maioria parece-me justo fazer o mesmo com um que já cá está há algum tempo, o Banksy.

O ashes and snow é mais complicado de explicar visto que é um projecto que engloba fotografia, vídeo, vida animal, viagens e livros.

O trabalho do Sebastião Salgado é bem conhecido entre nós, a dificuldade foi escolher um site. Escolhi um com dois temas, Êxodos e O mundo da maioria mas deixo aqui um link para um especial da revista Time sobre as fotos dos deslocados e dos refugiados, o tema actual do fotógrafo brasileiro.

A secção leituras tentou reger-se por uma norma simples: não exagerar, não era viável pôr um link para todos os escritores que aprecio ou para os livros favoritos. Até porque para alguns não há páginas que lhe façam justiça. Ficou então quase exclusivamente o formato texto electrónico.

Nos vícios nada mudou. Os blogs estão pela ordem que eu própria os procuro.

Os fins do mundo ainda estão sob renovação. Os guias de viagem de formato tradicional e não só ajudaram-me imensas vezes e estão também por ordem de preferência. O voluntariado estará sempre presente. Espero em breve ter um correspondente belga. O projecto Até ao fim do mundo está aqui porque eu sou uma invejosa. Os países e cidades estão por ordem alfabéticas, e apenas ponho o país quando posso responder a perguntas. Não podia falar da Noruega quando só conheço Oslo nem dos Estados Unidos quando só conheço Boston. Os guias Michelin nunca me chamaram a atenção até descobrir o GPS. Em Bruxelas tem dado jeito para descobrir como ir ter aos sítios, por exemplo, onde fica a Câmara Municipal ou a livraria portuguesa. Sim, tem Portugal.

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Xodades dos bons tempos no fim do mundo (o original)

Tempo volta para trás...

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quinta-feira, novembro 23, 2006

Eu bem dizia....

Vencedor concurso CGD

Conforme prometido o blog está sob sérias renovações - sim, é verdade já tenho internet em casa - e é chegada a altura de anunciar o vencedor do concurso "a união faz a força". O concurso era para qualquer utilizador da CGD independentemente da idade ou sexo. O vencedor prefere continuar anónimo mas autorizou-me a publicar o seu texto.

"Fui à caixa mais proxima. Pq há uma caixa sempre perto de mim. Tirei a senha e ficar a olhar par ao chão, olhava de vez em quando para o monitor para não perder a vez. Passados 45m o meu número apareceu. Apenas tive tempo para dizer boa tarde. A senhora pediu-me desculpa mas visto que o seu colega acabava de regressar, era a sua vez de ir almoçar. Protestei e para minha surpresa a dita senhora corou e ficou muito ofendida, "pq a hora de almoço é um direito dos trabalhadores." Enquanto me dirigia para a senhora ao lado, imaginei-me com uma serra eléctrica a cortar cada bocadinho do corpo alimentado pelos direitos dos trabalhadores. E senti-me boa pessoa."

Saber de experiências feito

Na segunda-feira de manhã estava uma senhora polícia na passadeira que dá acesso à paragem do eléctrico. Estava vermelho para os peões quando ficou vermelho para os carros, o jovem ao meu lado avançou e eu, a curtir a minha musiquinha, avancei também. A senhora polícia avançou muito chateada. -Monsieur, il etait rouge, ça c'est 150 euros... Eu abrandei e tirei um dos auscultadores apesar de a ouvir perfeitamente, o jovem não abrandou. E às oito da manhã vi pela primeira vez na vida uma senhora polícia aos berros, a brigar com o jovem (que até corou). -Monsieur, je parle avec vous!!! De salientar que nessa altura aproveitei para continuar a andar. Quando o eléctrico chegou ainda a podiamos ouvir...

Na terça-feira de manhã a mesma situação. Desta vez a senhora tinha um colega ao lado e eu três homens na casa dos quarenta. O sinal vermelho para ambos. Os três homens avançaram. Eu fiquei a olhar enquanto a senhora brigava com os três, nada intimidada com o facto de terem todos o dobro do tamanho dela. Quando ficou verde atravessei a rua. A sorrir, confesso. Aprendi uma bela lição.

quarta-feira, novembro 22, 2006

As datas

Não se assustem, o mundo não anda mais depressa em Bruxelas. Não me dá muito jeito vir todos os dias ao sítio manhoso então decidi pôr logo uma série de posts. Entretanto vou intensificar a minha pesquisa para ter net em casa rapidamente. Este mês o blog estará alguns dias adiantado mas de resto, nada muda (lamento). A renovação da secção dos links só se efectuará no conforto da minha casa, caso contrário ainda mato alguém.

Mais um psico...

http://www.savagechickens.com/

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terça-feira, novembro 21, 2006

A arte abstracta das nuvens belgas (ao som de Jeff Buckley)

"Lover, you shouldn't come over"
"So I'll wait for you...

and I'll burn

Will I ever see your sweet return

Oh will I ever learn (...)"

"You and I"

"You were my only home (...)"

"Everybody here wants you"

"I know everybody here wants you

I know everybody here thinks he needs you

I’ll be waiting right here just to show you

How our love will blow it all away"

"Last goodbye"

"This is our last goodbye

I hate to feel the love between us die

But it's over (...) "

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segunda-feira, novembro 20, 2006

Paciência precisa-se

Estou lentamente a processar um plano maquievélico para destruir o sítio manhoso onde venho actualizar o blog e ver o correio.

http://postsecret.blogspot.com/

Alguma dúvida por que este site está na secção "religiões"?

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domingo, novembro 19, 2006

Está-se sempre a aprender

"Sabes que há peças de xadrês no lugar da tua cara?"

A galinha de Bruxelas

Aqueles que me conhecem melhor (olá!) sabem que no secundário sucumbi a uma febre de Vergílio Ferreira. (Até bem meio da faculdade era o meu escritor português preferido cedendo lugar a José Gomes Ferreira, seguido sorrateiramente por David Mourão-Ferreira. Agora partilham o pódio com José Rodrigues Miguéis - que também viveu em Bruxelas, coitado.) A febre só passou com uma forte exposição. Um pouco como - e espero que os meus professores nunca vejam esta metáfora - só se cura uma mordida de cobra com pequenas doses de veneno de cobra.

Li um atrás do outro: Aparição, Manhã submersa, Até ao fim, Na tua face, Alegria breve, Contos, Cartas a Sandra, Para sempre etc Chegou ao ponto de quando me ofereceram o Em nome da terra, romance que a crítica elogia tanto como o Aparição, não o consegui ler. E, de facto, não o li. O livro, se não o emprestei, está na Madeira à espera de dias melhores. Não leio Vergílio Ferreira há uns bons três anos. E no entanto, continuo a listá-lo como dos meus escritores favoritos. (Para os curiosos o meu livro preferido é o Alegria breve e o meu título favorito é o Manhã submersa. )

Fontes seguras afirmam que o meu primeiro contacto com a sua obra foi através do conto "A galinha" (http://www.ficcoes.net/biblioteca_conto/a_galinha.htm).

O conto foi estudado ou no meu oitavo ano ou nono ano, a professora era a mesma por isso é difícil ter a certeza. Felizmente essa professora não sabe da existência deste blog.

O conto é mais complicado do que a minha mente inocente de treze anos contemplou. E é muito mais português do que na altura pensei.

Não há uma galinha dos ovos de ouro, há uma galinha dos problemas. O narrador, um pouco como o leitor, está incrédulo com o desenrolar dos acontecimentos - e que acontecimentos, meninos!

E toda essa confusão lembra-me a casmurrice que destoa entre a eterna luta entre o lado francês e o lado flamengo da Bélgica. Se calhar até já há um conto sobre isso mas ainda não o descobri. Aliás, deve haver um conto flamengo e um conto francês. Cada com a sua versão. Como muitas das nossas batalhas com Castela...

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sábado, novembro 18, 2006

O discurso do presidente

Na sexta-feira de manhã alguns novatos, como eu, tiveram o privilégio de ouvir o presidente do banco. Durante duas horas e meia. E já mencionei que era sexta-feira de manhã? Pois. Durante duas horas e meia contemplei a auto-flagelação.

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sexta-feira, novembro 17, 2006

Uma vela para o meu Elvis ("it's never over")

"Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners

Parading in a wake of sad relations as their shoes fill up with water(...)"

"Lover, you shouldn't come over", Jeff Buckley

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Entradas em grande estilo I, II e III

Motivo: A casa de banho da casa da minha mãe ser no 2° andar e a aparelhagem estar no 1° (tive de descer para aumentar o volume). Estar sozinha em casa, ter 14 anos e a vida ser assim mesmo.

Causa : Estar a ouvir o grande "hit" do ano, "Wanna be" das Spice Girls enquanto me ia preparando para ir tomar banho.

Efeito: Estou a descer as escadas em roupa interior e a cantar quando a minha mãe abre a porta da rua (de frente para as escadas)... seguida da minha professora de inglês.

Estilo: Parei a meio das escadas. Emiti com a pouca dignidade que me restava: "Olá, como está?... (esperei calmamente por uma resposta) Com licença..." e fui vestir-me.

Prémio seriedade: Para a professora que nunca mais tocou no assunto. Claro que ajudou ter fugido pelos corredores cada vez que a via durante o resto do ano lectivo.

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Motivo: Espontaneidade e/ou insanidade.

Causa: Abrir a porta da casa de banho do trabalho de repente, ver a colega tímida e dizer " ahÁA!!"

Efeito: Ataque cardíaco da pobre rapariga e de riso meu. Um som suspeito da casa de banho ao lado (se não caíram foi por pouco).

Prémio Seriedade: Para quem quer que fosse que estava na casa de banho ao lado.

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Motivo: Estar atrasada para o cinema e precisar desesperadamente duma água.

Causa: Um degrau de dois dedos (se tanto!).

Efeito: Entrar disparada pelo café e tropeçar no degrau. Aterrar em cima do balcão. A única cliente ficou com a chávena no ar e a empregada de boca aberta. Ambas em silêncio.

O estilo: Endireitei-me, sacudi o casaco (açucar no balcão) e exclamei em tom teatral: " tchan NAAANN!". Sorri e esperei aplausos.

Prémio seriedade: As duas senhoras já mencionadas. Não riram uma única vez. Palmas para elas.

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quinta-feira, novembro 16, 2006

Brrrr

Conheci o Diabo hoje. Trabalha nos recursos humanos do meu trabalho. Será esta maravilha dos céus que falará com a minha família na eventualidade de eu morrer durante o expediente. Fantástico.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Errata

O nome da banda desenhada é Alegria em quadradinhos. As minhas desculpas.

terça-feira, novembro 14, 2006

Já agora...

Alguém sabe o(s) nome(s) do(s) cartonista(s) do Alegria aos quadradinhos? Acho que já não está em circulação, eu pelo menos deixei de ver "nas bancas" há anos. Uma segunda edição do Sugestões do Chefe aguarda essa informação. Em troca, prometo escrever sobre o que o/a vencedor(a) quiser. Ou não publico nada durante uma semana, há que ser democrático. De preferência escolham um tema que domine minimamente como pornografia gay sueca com cabras, literatura norte-americana, Mafalda, Jeff Buckley ou micróbios comunistas. Mas se não puder ser prometo fazer o meu melhor.

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segunda-feira, novembro 13, 2006

Ricky Ballon

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