"Caem vinte e logo quarenta surgem do nada como se o vento em vez de soprar folhas soprasse almas..."

Porque nem todos os dias são de aventura

borga em Valmiera

Hehe. Este fim de semana convidei alguns amigos para virem até Valmiera curtirem a animadíssima vida cultural e nocturna, ahem. Ok, ok, admito que foi tudo um grande esquema para me vingar dos ******** dos vizinhos (e resultou...). Na sexta-feira chegaram três doidas, as duas Lauras e a Caroline e depois de um jantar de luxo com a Karen e a Trine ficamos em casa a conversar e a beber uns copos- vai ser muito complicado voltar para Portugal sem a cerveja e a vodka letã. A grande atracção de sábado era o concerto dos Melo-M (no único clube da cidade) uma banda letã com três rapazes a tocarem contra-baixo, o Huw e o Pierre chegaram durante a tarde e os nossos amigos letões apareceram pelo fim do dia. Por que será que os que moram mais perto chegam mais tarde? Se não me engano eramos cerca de 14 pessoas, não há vizinho que nos aguente! O concerto foi muito melhor do que esperava e o resultado foi que três dias depois o pescoço ainda me dói... ;P

E eis porque me dói o pescoço ( e não só!), para quem tem dúvidas o meu cabelo está à direita...

Continuo a dizer que para amizades há vodka (vermelha, de mel, de pimenta, de baunilha...). A Zanda, a Karen et moi.

"um, dois, três... é a ressaca outra vez..."

OO Huw e eu fizemos directa até quase à hora de almoço no meio dos dorminhocos.

Pierre aterrou completamente no meio da sala.

E o Arthurs armou-se em sem-abrigo... ( não me perguntem porque também não percebi!)

Primavera

A minha primeira Primavera esquizofrénica, até faz lembrar a canção do Rui Veloso " tão de pressa o sol brilha como a seguir está a chover", por estas bandas é mais nevar com uma ventania desgraçada a acompanhar mas o espírito é o mesmo.

Antes do almoço quando fui ao supermercado... e cerca das três da tarde quando a Anna chegou a casa e me disse para espreitar lá para fora.

O que é certo é que saio de casa bem agasalhada para depois estar cheia de calor e tenho de tirar os casacos e deixá-los no escritório mas depois às seis ou sete da tarde já estou cheia de frio e vou para casa de luvas, gorro e arrepios.

E viva a Primavera...

Comunidade.

Muito se fala nos alunos Erasmus e no ambiente que se vive, na comunidade que se forma (e também no muito que bebem) etc Os voluntários têm um grupo também mas não se sabe quantos somos, neste fim de semana combinamos ficar na mesma pousada em Riga (até ficamos todos no mesmo quarto) e ver o jogo de rugby entre o País de Gales e a França juntos (na verdade, apenas uma desculpa para voltarmos a estar juntos) num pub irlandês e ver alguns museus, eramos cerca de 10 ou 11 e ao jantar já eramos 15 e cerca de 40 no bar "La belle époque", eu normalmente fugiria a sete pés de grupos Erasmus de 10, quanto mais de 40 mas o ambiente é outro - claro que estávamos todos com um copo na mão - mas conversamos a noite toda, dançamos um pouco também e o certo é que raramente estive tão relaxada e à vontade. Uma borga ou outra também ajuda a não pensar no que é que os meus amigos estão a fazer naquele momento num Portugal com 19 ou 20 graus positivos... (irlandeses...) Toda a gente prestava atenção ao jogo... No "belle époque" prestes a tentar um shot típico (yupe, adivinharam: tinha canela...grrrrr). O rapazinho nervoso é o Huw, um fixeco de Wales. Depois duns copitos somos todos muito amigos... Quanto às apresentações, nas fotos de cima temos as duas Lauras, a galega abraça-me e a holandesa ri. As duas austríacas, Anna e Caroline partilham segredos e o Daniel (de Málaga) agradece-me por falar francês com o dono do bar (recebemos doses mais generosas nos copos). No sábado de manhã fomos ao Museu da História da Medicina, seis andares e népias de elevador, a exposição começa na época pré-histórica e acaba no século XX: há um pouco de tudo, desde réplicas de farmácias medievais a mesas de operações da segunda guerra mundial com sangue falso (detalhes, detalhes...), apesar de alguns momentos estranhos e outros mórbidos, aprendemos muito; um pormenor importante é que sempre que um museu na Letónia tem a possibilidade de tirarmos fotos mediante um pagamento extra é porque há algo na exposição que merece umas fotos. Antes do jogo fomos ao Museu de Fotografia e nitidamente há Riga antes da independência e depois da independência... É sempre incrível ver como o tempo marcou uma cidade ou um país, tive a mesma sensação quando vi fotos da Madeira no início do século XIX.

Já no domingo apanhámos uma verdadeira tempestade, com direito a granizo e tudo e achamos por bem não ir ao Museu Etnográfico por ser ao ar livre, fomos antes ao de História Natural onde vi a maior quantidade de animais empalhados da minha vida (espero não bater este recorde). Queríamos passear um pouco mais mas o vento e o granizo não eram exactamente amigavéis.

O Damien (Bélgica) no momento em que a neve passou a granizo.

Resumindo, foi um fim de semana muito porreiro!

"A" lavandaria

A pedido de várias famílias (todas, sem dúvida, equipadas com máquina de lavar) aqui estão algumas fotos da muy famosa lavandaria da cidade de Valmiera: Arranja-se sapatos... (reparem na roupa à esquerda)

e chaves, claro. A roupa vem embrulhada em plástico e mais plástico, tudo muito ecológico e irritante.

O resultado final: a roupa encolhe e o dinheiro desaparece.

O degelo...

Ena, ENA!! Temperaturas POSITIVAS!!!!! Há apenas um mês atrás esta foto seria demasiado escura para ser perceptível... Antes tentava não escorregar e partir uma perna. Agora tento não tomar banho, a acção não pára.

Vodka + micróbios = ?

Por cá nada de novo, vemos filmes e comemos... Mas o fim de semana promete! Não bebo é mais submarinos, safa! ;P

A famosa condução no lago congelado:

Afinal uma máquina descartável indiana funciona no frio da Estonia, quem diria? Não se vê muito bem e não dá para passar a euforia e insanidade que dominou o momento mas é melhor do que nada... Eu só sei que sorrio de orelha a orelha quando me lembro do carro a voar em primeira e do facto de a minha pista de corrida ser água, hehe. Aqui estou eu (tamanho formiga) a gritar: "wOOOO!" :-D

Perco logo a vontade de comer peixe

Hoje andei à procura de bacalhau, (já o comi em Riga e no livro de culinária letã que me ofereceram não faltam pratos com bacalhau), queria educar as norueguesas que só sabem que se exporta o bicho para Portugal mas não o sabem comer ou preparar, ok,ok... também queria matar as saudades do bacalhau com natas mas não tive sorte. Mas apanhei este peixinho nada agressivo. Tentei ser discreta, desliguei o flash e tudo mas mal tirei a foto tinha uma senhora a brigar comigo (sim, em letão) porque não se pode tirar fotografias no supermercado. Pena que já começo a perceber. :-D Piedodiet, piedodiet, disse mas fiquei com a foto... Amanhã vamos fazer uma surpresa à Kathrine, a voluntária alemã, que está a viver no meio do nada numa casa sem aquecimento e água quente e passa o dia a limpar e a fazer queijo... Anda um bocado em baixo e julga que eu, a Karen e a Trine (norueguesas) estamos em Tallinn. Naturalmente haverá vodka (degvins). ;P

Ainda o frio...

Se há coisa agradável neste mundo é acordar às oito da matina cheia de frio e com o ouvido a doer... Estavam uns simpáticos menos vinte e o aquecimento achava que estavam menos cinco, grrrrrr.

Nada como aprender línguas novas, hein?

Será o equivalente à drugstore americana e à nossa drogaria, há de tudo nesta lojinha catita. Finalmente uma foto da famosa Baiba. :-D Merece uma salva de palmas por me aturar! Principalmente agora que estou a formar frases e a ordem das palavras baralha-me o esquema todo, aliás, todo me o esquema baralha. ;P

Isto surgiu quando estava a dizer que não estava a perceber o exercício (es neprotu) e a Baiba disse-me: "atputa". Fiquei a olhar para ela de lado e disse: "I'm sorry, what? Puta?" :-D Nisto a Baiba lembrou-se do espanhol básico que apanhou com o marido peruano e explicou que era um substantivo que queria dizer "relaxa", "calma". "Putas" é mais complicado de traduzir mas pode ser a espuma do sabão e créme tipo chantily- Ainda me lembro da primeira vez que vi "putas" na ementa (na parte das sobremesas)...

Man patik Vilniu un Rigu.

Saudades da comida portuguesa (ai, o meu bacalhau com natas, o meu prego da Passos Manuel, a dobrada que o meu tio promete, os tremoços -sim, Andreia, ainda não me passou-, a super bock à beira-mar, a dourada grelhada, o frango dos Restauradores -Bruno, aproveita por mim, sim?-, o Planalto nos anos da Rita, os bolos do Porto, o bife da Portugália, ai, a comidinha da minha tia...) mas de resto, meus queridos, vontadinha de ficar, não falta. É pena é o frio mas já me estou a habituar, a língua também já não assusta tanto. Falta ir a Tallinn mas pelo que vi no sul da Estónia, promete. De resto, estou rendidíssima e encantadíssima com a zona.

Lembram-se da Anita?

Esta é a Anita lituana; a loja estava fechada, não deu para tirar uma foto decente à capa.

Lietuva (Lituânia)

De volta a Valmiera mas já a planear o regresso a Vilnius, Riga que se dane! Eu quero voltar para a Lituânia! (Leo, faz as malas que em Abril devo voltar!) A arquitectura lembra um bocado Riga nas ruas principais mas nota-se logo que o país é outro, a simpatia e boa disposição até do bêbado no autocarro e o à vontade com estrangeiros (mesmo quando não há uma língua em comum) torna o regresso à Letónia mais complicado. A "old town"/parte histórica é a maior da Europa, quase quatro kilómetros e eu não vi tudo. Vilnius é conhecida por ser "a cidade das 100 igrejas", são mais de 40 - todas enormes e de diferentes épocas e estilos. Embora adore Riga, acho que Vilnius é incrível e a não perder, pensar que está tudo a ir para cidades de trampa com estas pérolas aqui escondidas. É uma cidade perfeita para mim, história a cada esquina, simpatia -e um pouco de insanidade- dos habitantes, afinal de contas não nos podemos esquecer que foram os lituanos a começar a revolução báltica e que depois da independência enviaram uma conta aos russos pelos anos do regime ;P; a comida é muito boa e as bebidas também - cerveja e vodka lituanas aprovadas. Vilnius é grande o suficiente para andar imenso e continuar a ver coisas novas mas sem nos sentirmos perdidos. Admito que andei à procura da sinagoga e acabei por ir ter à universidade e ao parlamento, há qualquer coisa com as sinagogas nos países bálticos, devem ter uma entrada secreta ou raio... O trânsito é um bocado à portuguesa, tudo ao molhe e fé em Deus, atravessar as passadeiras ao pé da estação é como atravessar na avenida da liberdade ou no saldanha, estar verde ou amarelo ou mesmo vermelho não interessa se os condutores tiverem pressa. A Anna não parava de dizer que aquilo era doido enquanto eu sorria de orelha a orelha a pensar no meu primeiro ano em Lisboa. Turismo no inverno tem muito que se lhe diga. A foto superior é ao pé da Old Town Hostel onde ficamos e o edifício ao fundo é a câmara municipal. As bandeirinhas estavam por todo o lado porque tivemos a sorte de apanhar o dia de São Casimiro, o protector da cidade. A "azulada" é do Portão da Madrugada, a parte restante da muralha que protegia a cidade no século XVI e no interior (de onde vem a luz) há uma capela do século XVIII com um ícone - de ouro, claro- da Virgem Maria. O culto é sério, quase toda a gente que passou pelo arco enquanto nós procurávamos a entrada benzeu-se e a capela está quase sempre cheia de fiéis a rezar, o que não me permitiu tirar uma foto, talvez para a próxima.

No domingo fui sozinha para o sul da Lituânia ver o famoso Grutos parkas, onde quase todas as estátuas do regime soviético estão em exposição, nada como começar o dia a ver o Leninas (como dizem aqui) e o Estalinas e o velho Marx (Karl Mara). É um parque muito giro e bem concebido, as estátuas têm informação em lituano, russo e inglês e ficamos a saber onde costumavam estar na Lituânia etc

Mas é impressionante, quantas estátuas e bustos é que um homem precisa? E isto apenas na Lituânia, imaginem na USSR toda...

Na segunda-feira o pessoal já estava todo na Letónia e eu andava para cima e para baixo na Lituânia, nunca pensei um dia estar (como disse a Mikas: à doida) sozinha na Lituânia, apanhei um susto com o multibanco e devo ter mais uns cabelos brancos mas valeu a pena.

Alguém viu A VIAGEM DE CHIHIRO? As figuras pertencem ao teatro nacional e há uma semelhança muito gira com uma das personagens do filme do Miyazaki.